Coligação diz que sem Portas não participa no debate de 22 de Setembro

Argumentam que é a resposta face ao veto do PCP para discutir individualmente com os centristas.

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Paulo Portas não disse aos conselheiros nacionais do partido se ia ou não ficar no Governo Nuno Ferreira Santos

"Face à recusa irredutível do PS e do PCP a que o CDS venha a participar em tal debate [de 22 de Setembro] consideramos que não estão respeitadas as regras básicas de pluralismo para que estejamos presentes em qualquer modelo deste debate que não respeite a participação de todos os que tendo assento parlamentar desejem estar presentes, no respeito pelo estipulado no n.º 2 do Art.º 7º da Lei 72-A/2015, de 23 de julho", anunciou Portugal à Frente em comunicado.

Perante o anúncio, o PS veio a público acusar a coligação de"lançar a confusão" para  "tentar fugir aos debates". O dirigente nacional Porfírio Silva fez questão de recordar que os socialistas haviam aceite "a proposta inicial das televisões" remetendo para o PSD a responsabilidade da recusa dessa primeira possibilidade. Sobre a pretensão da coligação de incluir Paulo Portas, Porfírio Silva comparou-a com um jogo de futebol em que uma equipa competia com 11 jogadores contra 22. "Só falta a coligação querer comprar o árbitro", rematou o socialista antes de reafirmar a disponibilidade de participar  em "debates realizados em condições de igualdade".

O PCP reagiu  à recusa da direita, denunciando, igualmente, uma "fuga de Passos Coelho aos debates com Jerónimo de Sousa". Os comunistas acrescentaram ainda, no comunicado divulgado esta sexta-feira, que aceitariam a participação de Paulo Portas caso a maioria admitisse a inclusão do parceiro de coligação do PCP, o Partido Ecologista Os Verdes.

A coligação, que se reuniu com responsáveis das televisões na quinta-feira, sustenta que na sequência do convite das estações televisivas para um debate no dia 22, em período de campanha, com a participação de PS, PSD, PCP, CDS e BE, manteve a "posição de abertura à participação de todos os partidos com assento parlamentar no mesmo que desejassem estar presentes". PSD e CDS frisam que, tal como não vetam a participação de ninguém, em coerência não podem "aceitar vetos à participação de qualquer força política com representação parlamentar".

"Na fase anterior ao início oficial do período de campanha o dr Pedro Passos Coelho participará no frente a frente entre o PSD e o Bloco de Esquerda, o dr. Paulo Portas participará no frente a frente entre o CDS/PP e o Bloco de Esquerda e a Coligação far-se-á representar pelo dr Paulo Portas no frente a frente com o PCP", anunciou igualmente a coligação.

PSD e CDS justificam esta opção com "o veto apresentado pelo PCP para não aceitar debater individualmente com o CDS/PP, uma vez que alega que este se encontra coligado com o PSD e que, por tal razão, só um representante da coligação, no entendimento do PCP, poderá participar em tais debates".

A coligação Portugal à Frente reitera a disponibilidade para Passos Coelho participar nos debates com o António Costa de dia 9 e 17 de Setembro, organizados pelas três televisões e pelas rádios TSF, Antena 1 e Rádio Renascença.

No comunicado, PSD e CDS sublinham ainda que defenderam "em todas as reuniões o respeito pelo pluralismo e pela igualdade de participação de todos os partidos com assento parlamentar em tais debates, o que originou que, após a primeira reunião, passasse a ser convidado para as seguintes o PEV".

"As eleições legislativas do próximo dia 4 de Outubro merecem, pela sua importância, um período de debate e esclarecimento aos portugueses sobre as alternativas, o trabalho realizado e as propostas eleitorais dos diferentes partidos políticos", argumentam.

A coligação considera que para esse esclarecimento existir a realização de debates "deve obedecer, antes de mais, ao critério editorial dos diferentes órgãos de comunicação, no respeito pelos princípios do pluralismo, de forma a assegurar a possibilidade de expressão e contraste entre as diferentes correntes de opinião, nos termos constitucionais e legais".

PSD e CDS agradecem ainda aos responsáveis das televisões "todos os esforços no sentido de garantir o consenso e o mais pleno pluralismo" que dizem não poder ser alcançado "por intransigência do PS e do PCP".

A lei que regula a cobertura jornalística em período eleitoral, publicada em Diário da República na semana passada, refere que "no período eleitoral os debates entre candidaturas promovidos pelos órgãos de comunicação social obedecem ao princípio da liberdade editorial e de autonomia de programação, devendo ter em conta a representatividade política e social das candidaturas concorrentes".

Na reunião de 4 de Agosto, que juntou representantes do PS e do PSD, das rádios e das televisões, ficou marcado para 9 de Setembro o debate televisivo entre os líderes da coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP), Pedro Passos Coelho, e do Partido Socialista (PS), António Costa.

Relativamente ao debate de 22 de Setembro, já em plena campanha oficial, entre os partidos com assento parlamentar, este será organizado pelas televisões, tendo ficado por fechar o formato final, tal como ficou por decidir a inclusão ou não de Paulo Portas neste debate. Para o PCP, que concorre com Os Verdes na coligação CDU, tem de haver um critério objetivo nos debates: ou se trata de candidaturas ou de partidos com assento parlamentar.