Crato promete obras no Conservatório mas só depois das legislativas
Ministro visitou edifício do Bairro Alto em plenas férias escolares. Deslocação estava prometida desde Março.
As eleições estão marcadas para 4 de Outubro.
Segundo o ministro, as obras rondarão os sete milhões de euros. As obras no Conservatório têm vindo a ser reclamadas há anos por professores, pais e alunos e o seu sistemático adiamento levou a várias acções de protesto, que incluíram já este ano o encerramento a cadeado do edifício, e o lançamento de uma petição pública em prol da recuperação do edifício. Neste texto, a direcção e as associações de pais e de estudantes da Escola de Música do Conservatório Nacional denunciavam que “têm sentido da parte da tutela uma prolongada ausência de diálogo e de resposta”.
Estes últimos protestos realizaram-se depois de a escola de música ter sido obrigada, por razões de segurança, a encerrar 10 salas de aulas a partir de 16 de Fevereiro, na sequência de uma vistoria efectuada pela Câmara de Lisboa. Um outra vistoria realizada pelo município em 2014 já tinha alertada para a existência de risco de queda de elementos das fachadas, “insalubridade” e “alguma insegurança em relação ao risco de incêndio” no interior do edifício.
Em declarações nesta quinta-feira aos jornalistas, o ministro Nuno Crato recusou qualquer ligação do anúncio das futuras obras com a aproximação das eleições. “Desde Março que tomámos a decisão de fazer estas intervenções de fundo no Conservatório e não parámos”. Na primeira reunião realizada naquele mês com a direcção do Conservatório, Crato comprometeu-se a visitar o edifício, o que fez nesta quinta-feira, numa deslocação que não foi anunciada à comunicação social e que o gabinete de imprensa do ministério descreveu ao PÚBLICO ocomo sendo uma “visita técnica informal para tomar conhecimento das propostas feitas pela Parque Escolar” para a recuperação do edifício.
Segundo o gabinete de comunicação do MEC, “o timing da visita prende-se não só com as condições financeiras, que só se proporcionaram agora, como com o facto de, desde o anúncio a 19 de março de que a reabilitação iria ser feita, ter sido necessário pedir à Parque Escolar a elaboração de um projeto funcional pormenorizado que só agora está pronto”. “Foi agora o momento, antes das propostas finais serem ajustadas, de visitar os edifícios e discutir com as direcções das duas escolas[ música e dança] que ocupam o Conservatório”, acrescentou.
As obras serão da responsabilidade daquela empresa pública. A intervenção no Conservatório tinha sido agendada, ainda durante o Governo de Sócrates, para a 3.ª fase do programa de modernização das escolas secundárias, mas foi suspensa por decisão do actual ministro.
O PÚBLICO tentou, sem êxito, contactar a direcção e a associação de pais da escola de música do Conservatório.