Norte-americanos da Lone Star compram quatro centros Dolce Vita em Portugal

Grupo já tinha adquirido o empreendimento de Vilamoura por 200 milhões.

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Venda dos Dolce Vita detidos pela espanhola Chamartín está concluída. Paulo Pimenta

Os quatro centros comerciais adquiridos pelo grupo Lone Star, que já tinha comprado o empreendimento Vilamoura por 200 milhões de euros em Abril, são o Dolce Vita Porto, localizado junto ao Estádio do Dragão, o Dolce Vita Douro, em Vila Real, o Dolce Vita Coimbra, e o Dolce Vita Monumental, em Lisboa.

A venda dos quatro centros comerciais ao fundo de investimento privado norte-americano, que era o maior credor das empresas insolventes, acontece numa altura que o mercado imobiliário está a dar sinais de dinamismo em Portugal e em Espanha.

De acordo com um balanço divulgado no final de Julho pela consultora imobiliária Worx, o investimento no sector imobiliário em Portugal superou mil milhões de euros no primeiro semestre (com destaque para o retalho), aproximando-se do valor recorde de 1,2 mil milhões de euros, registado em 2006.

Entre os investidores estrangeiros, são os norte-americanos quem lidera o ranking, com 64% do total investido. Além da Lone Star, destaca-se a Blackstone, que adquiriu recentemente o Almada Forum e o Forum Montijo. De acordo com a Worx, a empresa “adquiriu mais de 400 milhões de euros em activos imobiliários” em Portugal na primeira metade do ano.

Em Espanha, o Eurofund, proprietário do Dolce Vita Tejo, no concelho da Amadora, adquiriu em Julho o Dolce Vita Odeón, em Espanha, juntamente com o fundo britânico Patron Capital.

Os centros comerciais Dolce Vita, alguns ainda em fase de desenvolvimento, foram adquiridos pelo grupo espanhol Chamartín, em 2006, ao Grupo Amorim, do empresário Américo Amorim. Na altura, o valor do negócio não foi revelado oficialmente, mas segundo fontes de mercado terá ascendido a 500 milhões de euros.

O PÚBLICO apurou que a insolvência das empresas detentoras dos centros comerciais se ficou a dever ao peso dos encargos da dívida que a imobiliária espanhola contraiu para a sua aquisição, uma vez que as receitas dos shoppings cobriam as despesas correntes. A crise imobiliária em Espanha agravou a situação financeira da empresa, que foi pressionada pelos bancos para liquidar parte ou a totalidade das dívidas.

Por acumulação de dívidas, o grupo espanhol já tinha perdido o Dolce Vita Braga para a Caixa Geral de Depósitos (CGD). A comercialização deste centro comercial, que ainda não foi inaugurado, foi entregue pela CGD à Sonae Sierra, do grupo Sonae (proprietário do PÚBLICO), que admite abrir o espaço no início do próximo ano. O Dolce Vita Braga, rebaptizado de Nova Arcada, vai acolher a quarta loja da cadeia sueca Ikea, em Portugal.

Venda de escritórios por concluir
Em declarações ao PÚBLICO, o administrador de insolvência dos centro comerciais destaca que a venda das infra-estruturas “acabou por ser feita em tempo recorde” e que, à excepção do Dolce Vita do Porto, os restantes três centros comerciais receberam mais do que uma proposta de compra, feita através de carta fechada. A identidade dos restantes candidatos não é conhecida.

Jorge Calvete não revelou os montantes dos quatro negócios, por não ter os dados na sua posse no momento em que foi contactado, mas garantiu que as quatro vendas superaram os valores mínimos fixados para licitação.

O Dolce Vita Porto foi colocado à venda por 41,5 milhões de euros, bem longe do montante créditos reclamados, que superou os 111 milhões de euros. No caso do Dolce Vita de Vila Real, que estava à venda por 43,4 milhões de euros, não recebeu qualquer proposta de compra na primeira fase de venda.

Já as dívidas do Dolce Vita Coimbra ascenderam a 77,8 milhões de euros e as do Dolce Vita Monumental, localizado no cento de Lisboa, totalizavam 79,1 milhões de euros.

A conclusão da venda dos activos da imobiliária espanhola Chamartín em Portugal ainda não está concluída. Entre os activos há ainda edifícios de escritórios, designadamente em Lisboa, junto ao Dolce Vita Monumental, e em Sintra. Jorge Calvete adianta, ano entanto, que os activos que ainda estão para venda são residuais face ao que foi alienado.

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