No final do primeiro semestre, o Bank Millennium tinha uma carteira de crédito total na Polónia de 46,9 mil milhões de zlotys (11,3 mil milhões de euros), dos quais 28,8 mil milhões de zlotys (6,9 mil milhões de euros) são correspondentes a crédito hipotecário.

Destes, 4,6 mil milhões de euros são créditos denominados em francos suíços (13% do total desta franja de mercado), uma prática recorrente na Polónia ao longo dos últimos anos mas que, com a forte valorização da divisa helvética, está a penalizar os custos suportados pelas famílias que recorreram à banca para comprar casa.

Face a esta situação, o parlamento polaco decidiu que estes créditos denominados em francos suíços podem ser convertidos na moeda local, o que implica que os bancos têm de calcular a diferença entre o valor da dívida atual e o montante que o devedor teria de pagar se abatesse a dívida em zlotys, sendo que 90% da diferença será deduzida do empréstimo, ou seja, é um custo para o banco.

Anteriormente estava previsto que os custos seriam suportados em 50% pelos clientes.

Nesta terça-feira, o banco central da Polónia revelou que, em termos globais, os custos para a banca relacionados com esta conversão cambial ascendem a 21 mil milhões de zlotys, isto é, sensivelmente cinco mil milhões de euros, segundo avançou a agência Bloomberg.

Como o Bank Millennium tem uma quota de 13,2% no mercado polaco, os custos com esta medida deverão ascender a 660 milhões de euros. Tendo em conta que o BCP controla 50,1% do capital do Bank Millennium, o custo para o banco liderado por Nuno Amado vai rondar os 330 milhões de euros.

"Assumindo alguns cálculos básicos, e apenas em termos ilustrativos, o Bank Millennium pode sofrer um impacto próximo de 2,5 mil milhões de zlotys (600 milhões de euros)", antecipou o analista André Rodrigues da Caixa Banco de Investimento, numa nota de análise libertada a 7 de agosto, com base nos números do final do semestre.

No entanto, há que referir que nem todos os créditos hipotecários denominados em francos suíços serão convertidos para a moeda local, devido às especificidades da legislação aprovada, e que, por exemplo, a Associação de Bancos Polacos (ZBP, na sigla polaca) está já a desenhar um plano para minimizar os efeitos nos seus associados, o que poderá fazer baixar os custos a suportar pelo BCP.