O fim de Guerra dos Tronos será “agridoce” e não apocalíptico, diz Martin
George RR Martin ainda não escreveu o final das Crónicas de Gelo e Fogo e está a trabalhar no sexto e penúltimo livro, The Winds of Winter.
Passaram-se quatro anos desde o último livro e apenas dois meses desde o fim da quinta temporada da série baseada em Crónicas de Gelo e Fogo, com a série a aproximar-se em quase todas as frentes (e mesmo a ultrapassar alguns momentos-chave) do que os livros já firmaram na história de Westeros, Essos e suas famílias nobres e criaturas fantásticas. A expectativa em relação a The Winds of Winter, o sexto livro da série, é grande, não só pelos anos passados em relação à mais recente publicação, mas também pela possibilidade de a próxima temporada da série poder adiantar-se à escrita do criador deste universo.
O jornalista do New York Observer questionou Martin sobre a possibilidade de Crónicas de Gelo e Fogo, conhecida pela capacidade de destruir personagens favoritas e de jogar com a adesão dos fãs aos arquétipos de herói (o final desta última temporada e do quinto livro assim o provam), terminar num “apocalipse horrível”. E Martin explicou então que ainda não tem o fim escrito, mas à hipótese de tal final respondeu com um resoluto “não”.
“Não é essa seguramente a minha intenção”, sublinhou, lembrando que já dissera no passado - “o tom do final para que aponto é agridoce”. A sua afiliação a J.R.R. Tolkien e ao seu Senhor dos Anéis são as referências que já se lhe conhecem e às quais recorre para explicar que o tipo de final da saga da Terra Média é uma “vitória, mas uma vitória agridoce”. O herói, Frodo Baggins, nunca mais será o mesmo, e muito se perde numa esteira de destruição. “Tudo o que posso dizer é que é o tipo de tom para que vou apontar. Se o conseguirei ou não, isso caberá aos meus leitores julgar”, disse ao jornal nova-iorquino durante uma aparição num jogo de basebol de beneficência (entre Stark e Lannister) e uma sessão de autógrafos.
O nível de escrutínio a que está sujeito desde o fenómeno em torno dos seus livros, mas especial e exponencialmente depois da sua adaptação a televisão para a série da HBO (em Portugal transmitida no SyFy), alterou a forma como Martin fala publicamente, admitiu. “Tornou-me mais cauteloso”. Mas “não sei se na verdade mudei o suficiente”, confessa, mencionando como os seus colaboradores lhe pedem para ser ainda “mais cauteloso” com o que diz ou faz.
Elogia Mad Men, The Knick, The Americans e os já clássicos Breaking Bad ou The Wire (Sob Escuta) nesta “era dourada da televisão”. “É óptimo ter esta abundância de escolhas. Há mais boa televisão do que qualquer pessoa consegue acompanhar” diz sobre o panorama em que se insere a série baseada na sua obra e que reúne dezenas de milhões de espectadores na televisão e na pirataria na Internet. A série, que parece estar fadada a terminar a história de Martin fora dos livros, tinha previstas sete temporadas (dez episódios por ano até 2017), mas Michael Lombardo, presidente de programação na HBO, disse há duas semanas que provavelmente serão oito as épocas de Guerra dos Tronos.
O primeiro livro de Crónicas de Gelo e Fogo (editada em Portugal pela Saída de Emergência) foi lançado nos EUA em 1996 e o último em 2011, tendo sido vendidos mais de 60 milhões de exemplares em todo o mundo. Não existe uma data oficial prevista para a publicação do sexto e penúltimo tomo, do qual já são conhecidos dez capítulos, ora libertados pelo autor ou lidos publicamente. Martin disse em Abril à revista Entertainment Weekly que gostaria de ver The Winds of Winter, que estima que vá prolongar-se por cerca de 1500 páginas (em Portugal as edições de cada livro têm sido divididas em dois volumes), nas livrarias antes da estreia da sexta temporada da série televisiva – ou seja até Abril de 2016.