Jorge Jesus partiu o espelho em mil bocados

A temporada começa com um troféu em Alvalade. Sporting conquistou a Supertaça frente ao Benfica e Jesus fez uma prova de competência.

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Fejsa e Slimani Francisco Leong/AFP
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Téo Gutierrez festeja o golo, mas este deverá ser atribuído a Carrillo Francisco Leong/AFP

Ninguém tinha dúvidas de que ele era o homem da noite. Jorge Jesus, sportinguista, estreava-se oficialmente como treinador dos “leões” frente ao clube que orientou durante seis anos e com o qual conquistou três campeonatos, uma Taça de Portugal, uma Supertaça e cinco Taças da Liga (e ainda esteve em duas finais da Liga Europa). A mudança da Luz para Alvalade incendiou o Verão e não deixou o futebol português pensar sequer em férias. Passaram apenas cinco semanas sobre o início dos trabalhos, mas o tempo foi muito bem aproveitado. O Sporting foi uma equipa plena de intensidade, apaixonada, incansável. Jesus olhou para o espelho que representava o Benfica, a equipa que cozinhou e apurou durante os últimos anos, e atravessou-o. Mais: partiu esse espelho em mil bocados, destruindo o original e qualquer possibilidade de cópia. A equipa de Jorge Jesus é, agora, o Sporting.

Apesar de ter sido o centro de todas as atenções na partida, Jorge Jesus conseguiu divertir-se. Fosse a pedir aos adeptos que apoiassem a equipa, a incentivar os jogadores (uma palmada em Gelson Martins antes de entrar em campo; os recados constantes que deixaram Carlos Mané de orelhas a arder) ou mesmo quando, ao seu jeito, foi trocar palavras com Jonas no final do encontro, o que desencadeou uma enorme confusão no centro do relvado.

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O técnico do Sporting colocou em campo a equipa que seria de esperar, lançando de início o reforço Teófilo Gutiérrez. E a aposta provou ser acertada, com o colombiano a ser o homem do jogo. Correu quilómetros, lutou por cada bola e viu um golo ser-lhe incorrectamente anulado na primeira parte, mas celebraria mais tarde, num lance em que desviou o remate de Carrillo (a quem a Federação Portuguesa de Futebol atribui o golo) para o fundo da baliza de Júlio César.

O Sporting entrou de pé pregado no acelerador e surpreendeu o Benfica, que nos minutos iniciais não mostrou capacidade para reagir. Com algumas novidades no “onze” (Nélson Semedo alinhou à direita na defesa, com Ola John à sua frente no ataque, e Luisão não foi opção para o centro da defesa, entregue a Jardel e Lisandro López), a equipa de Rui Vitória demorou a sentir-se tranquila na partida. E, mesmo quando o conseguiu minimamente, pouco incomodou Rui Patrício.

A primeira grande situação de perigo surgiu aos 22’ junto da baliza de Júlio César: Jefferson lançou Bryan Ruiz, que cruzou para a área à procura de Teo Gutiérrez. Mas Jardel disse presente, com um corte providencial. Dois minutos depois, o colombiano introduziu mesmo a bola na baliza, num lance anulado por Jorge Sousa – o árbitro considerou, mal, que o avançado estava em fora-de-jogo. O segundo tempo continuou como tinha terminado o primeiro, com o Sporting mais forte. João Mário, Teo Gutiérrez e Paulo Oliveira testaram a atenção do guarda-redes do Benfica, antes de o colombiano inaugurar o marcador: Carrillo conduziu a jogada e rematou, com a bola a desviar em Gutiérrez.

O Benfica estava obrigado a dar sinal de vida e Gaitán assumiu o protagonismo. O argentino foi travado em falta por Carrillo dentro da área (60’), mas Jorge Sousa não assinalou penálti. Rui Vitória lançou Pizzi, Mitroglou (estreou-se três dias depois de chegar) e Gonçalo Guedes, mas nem por isso os “encarnados” criaram ocasiões flagrantes de golo. O Benfica já não era um espelho do seu ex-treinador, apenas uma imagem baça.

Irresistivelmente, a Supertaça era do Sporting. Os “leões”, detentores da Taça de Portugal, conquistaram o oitavo troféu na Supertaça, somando por vitórias as últimas oito finais disputadas nesta competição. Ao Benfica, que tinha vencido a prova em 2014, orientado por Jorge Jesus, caberá agora reinventar-se.

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