Prisão perpétua para o atirador que matou 12 pessoas num cinema do Colorado

James E. Holmes escapou à pena de morte por falta de unanimidade entre os membros do júri

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James E. Holmes numa audiência em tribunal em Junho de 2013 REUTERS
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Sandy e Lonnie Phillips, pais de Jessica Ghawi, 24, que morreu no tiroteio de Julho de 2012, durante uma conferência de imprensa a seguir à sentença de James Holmes Dustin Bradford/AFP
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Lasamoa Cross e Theresa Hoover - respecitvamente namorada e mãe de Alexander Boik, 18 anos, uma das 12 vítimas mortais do tiroteio de Aurora - à saída do tribunal depois do anúncio da sentença Dustin Bradford/AFP
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James Homes na sua primeira aparição em tribunal, a 23 de Julho de 2012, três dias depois do tiroteio RJ SANGOSTI/AFP

No estado do Colorado, onde decorreu o julgamento, a pena capital tem de ser unânime. Basta que um dos membros do júri discorde para a sentença ser a prisão perpétua. Foi isso que aconteceu, de acordo com as declarações à imprensa de um membro do júri, composto por nove mulheres e três homens. Nove jurados eram a favor da sentença de morte, dois estavam divididos, um era solidamente contra. “Não havia mais nada a discutir a partir daí”, disse a jurada à saída do tribunal, na sexta-feira. “Basta que um discorde.”

Holmes, 27 anos, ouviu impassível a leitura do veredicto, de mãos nos bolsos diante do juiz, enquanto a sua mãe chorava, refugiando-se no ombro do marido. Um dos polícias que respondeu ao alerta na noite do tiroteio soluçava, segundo o New York Times. Algumas das famílias das vítimas choraram ou afundaram-se nas cadeiras. Um homem abandonou a sala do tribunal tempestivamente.

Das 12 pessoas que morreram no tiroteio de 20 de Julho de 2012, a mais nova era uma menina de seis anos. O seu avô, Robert Sullivan, reagiu com indignação à sentença. “Isto não é justiça. Ele está vivo, ele respira. Os nossos familiares não.” Outros disseram à imprensa que só queriam que o processo todo terminasse, esperando evitar os recursos intermináveis que uma pena de morte acarretaria.

A sentença foi para muitos uma surpresa porque os membros do júri regressaram ao tribunal com uma decisão após sete horas apenas, e porque pareceram unidos em deliberações anteriores. Durante o julgamento, que durou três meses, os advogados de defesa insistiram que Holmes não foi movido por sentimentos de ódio ou desejo de notoriedade.

Holmes confessou ter sido o autor do tiroteio, mas declarou-se não culpado alegando insanidade mental. Dois psiquiatras indicados pelo tribunal concluíram que Holmes tinha distúrbios mentais. Mas também notaram que ele tinha consciência de que os seus actos estavam errados quando, 18 minutos depois da meia-noite, a 20 de Julho de 2012, entrou na sala 9 de um multiplex em Aurora, vestido com um uniforme de combate e armado com bombas de gás lacrimogéneo, uma carabina, uma pistola e uma espingarda de assalto, e começou a disparar sobre os espectadores que assistiam à estreia de Batman.

Os psiquiatras disseram que muito provavelmente o tiroteio nunca teria acontecido se Holmes não tivesse distúrbios mentais e, segundo o New York Times, a defesa usou isso para argumentar que a vida de Holmes deveria ser poupada. O procurador que pediu a pena de morte para Holmes, George Brauchler, declarou-se desapontado com a sentença, dizendo que pediu desculpas às famílias das vítimas pelo resultado do julgamento.

A acusação notara que Holmes planeou minuciosamente o tiroteio durante semanas, dispondo de munições suficientes para matar os 400 espectadores que se encontravam na sala de cinema naquela noite. Holmes comprara o bilhete para a sessão com 12 dias de antecedência. Tentou fugir após os disparos, mas foi detido no parque de estacionamento do cinema, sete minutos depois do alerta ter sido dado para a polícia.

Os pais de James Holmes não comentaram o veredicto, mas num comunicado para a imprensa disseram “lamentar profundamente o que aconteceu” e que as vítimas e respectivas famílias tenham sofrido uma perda tão grande.

Holmes não irá para a prisão ainda. A sentença só será oficialmente ditada pelo juiz entre 24 e 26 de Agosto.

 

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