Mais um lince libertado em Espanha veio viver para Portugal
Kentaro foi identificado dia 4 de Agosto em Vimioso, depois de percorrer centenas de quilómetros em Espanha. Agora há 12 linces ibéricos no país.
É o 12.º exemplar deste felino ameaçado de extinção a viver neste momento em Portugal – de onde a espécie tinha praticamente desaparecido ao longo do século XX.
Segundo o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), o lince Kentaro chegou a Portugal no dia 4 de Agosto, terça-feira passada. Está neste momento no Nordeste transmontano, a norte de Vimioso, a cerca de 350 quilómetros em linha recta do local onde foi libertado, em Novembro de 2014, juntamente com seu irmão Kahn.
Ambos nasceram em Portugal, no Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico, em Silves, e foram soltos em Espanha ao abrigo de um projecto conjunto de reintrodução da espécie na Península Ibérica. Nenhum deles permaneceu na sua nova morada. Partiram em direcções opostas, mas vieram ambos dar a Portugal.
Kahn fez uma longa caminhada em Espanha, de cerca de 1500 quilómetros, até ser identificado em Portugal, em Junho passado. Agora está no concelho de Ourique, segundo um comunicado do ICNF.
Kentaro ainda ficou cerca de dois meses na zona de Toledo, e depois rumou para norte, passando pelas províncias de Madrid, Cuenca, Guadalajara, Soria e Zaragoza, depois aproximando-se de Portugal via Zamora. Entrou no país pelo seu extremo nordeste e agora está em Vimioso.
Com isso, há agora pelo menos 12 linces ibéricos em liberdade em Portugal. Desde Dezembro do ano passado, foram já libertados dez linces em Portugal, na zona de Mértola, no âmbito do programa luso-espanhol de reintrodução. Um deles, a fêmea Kayakweru, acabou por morrer envenenada, apenas duas semanas depois de ter sido solta.
Os outros três linces vieram de Espanha: Kahn, Kentaro e também Hongo que foi fotografado em Vila Nova de Milfontes em 2013.
O lince ibérico (Lynx pardinus) tinha praticamente desaparecido de Portugal no século XX, vítima da transformação do seu habitat, da caça e de doenças que dizimaram a sua principal presa – o coelho-bravo. Com os esforços de reintrodução, a espécie deixou recentemente de ser considerada “em perigo crítico” de extinção, embora continue com o estatuto de ameaçada.