Passos Coelho estreia-se na festa do PSD-Madeira

Este ano, pela primeira vez em quatro décadas, Alberto João Jardim não vai estar no Chão da Lagoa.

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Passos Coelho e Miguel Albuquerque vão falar a uma só voz, embora na Madeira PSD e CDS concorram com listas separadas Miguel Manso

A tradicional festa do PSD-Madeira realiza-se hoje com a presença do líder nacional do partido e a ausência de Jardim, que deixou a liderança dos social-democratas madeirenses em dezembro do ano passado, o que deixa antever mais contensão linguística e muito menos polémica, tanto no palco como fora dele.

Ao longo de quase quatro décadas – a primeira concentração popular do PSD-Madeira aconteceu a 18 de Maio de 1975 – valeu quase tudo para Jardim. Chamou as Forças Armadas “efeminadas” logo em 1978. Acenou com a bandeira da independência, com a crise de Timor-Leste em pano de fundo. Atacou Cavaco Silva, na altura presidente do partido e primeiro-ministro. Prometeu um “pontapé no traseiro” a António Guterres, apelidou José Sócrates de “mentiroso” e comparou Paulo Portas a um “submarino”. Internamente, também ninguém escapou. Os partidos da oposição são uns “canalhas” e os jornalistas são “gente sem calças e de rabo para o ar, virado para Lisboa”.

O palco do Chão da Lagoa, nas serras do Funchal, foi sempre uma espécie de caixa-de-ressonância para os ataques de Jardim a Lisboa e aos opositores locais, e a ronda pelos ‘stands’ do recinto, representativos de cada freguesia e concelho da região, uma oportunidade para semear polémica, que valeram protestos, pedidos de demissão e até apelos à intervenção do Presidente da República.

Por ali passaram figuras nacionais do partido, como Francisco Sá Carneiro, Marques Mendes, Marcelo Rebelo de Sousa e Durão Barroso, mas nos últimos anos, devido à animosidade de Jardim com o líder nacional do PSD – em entrevista recente, Alberto João referiu-se a Passos Coelho como um “rapazito que chegou a Primeiro-ministro” -, a festa cingiu-se aos dirigentes locais e a direcção nacional deixou de ser convidada.

"Mesmo antes da eleição do líder nacional, eu disse que este ano o Chão da Lagoa era sem líder nacional, (…) mas quem quiser vir, vem, é livre”, justificou Jardim em 2010, pouco depois de Passos Coelho ganhar o PSD.

Tanto, que Passos Coelho nunca foi à Madeira durante a presidência de Jardim, aterrando este domingo de manhã no Funchal, menos de dois meses depois de ter feito a primeira visita oficial à região.

Próximo de Miguel Albuquerque, Passos chega à Herdade do Chão da Lagoa, propriedade da Fundação Social-Democrata da Madeira, por volta das 11 horas, acompanhado por Marco António Costa, vice-presidente e coordenador da Comissão Política Nacional.

A comitiva começa com a habitual ronda pelas barracas de comes e bebes espalhadas pela Herdade, subindo depois ao palco, cerca das 13 horas, onde vai discursar, primeiro, o líder da JSD-Madeira, Rómulo Coelho, depois Miguel Albuquerque, cabendo a Passos Coelho encerrar as intervenções políticas da festa, este ano mais modesta em termos financeiros – foram gastos 100 mil euros, metade do que foi investido em 2014 – e igualmente mais poupada em discursos: apenas três, face às cinco intervenções habituais.

A contenção financeira é a tónica da edição deste ano. Nos anos anteriores a animação era assegurada por artistas nacionais e até internacionais, mas hoje ao palco sobem apenas artistas e grupos madeirenses – cerca de 25 no total -, que começam a actuar a partir das oito horas, altura em que abrem as portas do recinto.

 Não será a primeira vez que Albuquerque discursa na festa, já que na qualidade de presidente da Câmara Municipal do Funchal, usou quase sempre da palavra. A excepção foi em 2013, um ano depois de ter enfrentado Jardim em eleições internas do partido, acabando por perder por 142 votos. No ano passado, voltou a subir ao palco, mas depois abandonou o local antes de Jardim começar a discursar.

Este ano, o Chão da Lagoa promete ser mais pacífico, mesmo com as legislativas à porta. Passos Coelho e Miguel Albuquerque vão falar a uma só voz – embora na Madeira PSD e CDS concorram com listas separadas -, para uma audiência que a organização estima que atinga os largos milhares.

Nos anos anteriores, de acordo com os números da organização, a festa do PSD-Madeira mobilizava perto de 40 mil pessoas.

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