António Costa veste a pele de primeiro-ministro
O líder do PS arranca para a pré-campanha a 30 de Julho. A oposição ao Governo fica a cargo de Graça Fonseca, Rocha Andrade e João Galamba.
O plano é que António Costa passe a surgir publicamente apenas como candidato a primeiro-ministro e não como líder da oposição. Expliquemos. O secretário-geral do PS irá tratar apenas de se defender e apresentar as ideias, as propostas e as soluções que os socialistas têm para a governação do país e que estão contidas na Agenda para a Década.
Já o discurso de oposição ao Governo estará entregue a três novos dirigentes do PS que se estrearam no Secretariado Nacional com António Costa. São eles Graça Fonseca, Fernando Rocha Andrade e João Galamba. Os dois primeiros são próximos de Costa há anos e o terceiro fez uma aproximação recente, já no âmbito do processo das primárias de 29 de Setembro de 2014.
Irão os três funcionar como porta-vozes do PS para fazerem a marcação ao Governo. Graça Fonseca irá ficar com as áreas sociais. Fernando Rocha Andrade com as áreas institucionais. João Galamba com as questões económicas.
Graça Fonseca é vereadora na Câmara Municipal de Lisboa, onde entrou com Costa, depois de ter sido sua chefe de Gabinete. Rocha Andrade é ainda há mais tempo próximo de Costa, tendo trabalhado no seu gabinete quando Costa foi secretário de Estado e depois ministro dos Assuntos Parlamentares de António Guterres. Depois, no primeiro Governo de José Sócrates foi subsecretário de Estado de Costa na Administração Interna. João Galamba tem-se destacado no acompanhamento das questões económicas como deputado à Assembleia da República.
O regresso de Athayde
A estratégia tem sido delineada pela direcção do PS, em colaboração com o director de campanha, Ascenso Simões, e conta com a colaboração de Edson Athayde, publicitário brasileiro que há mais de vinte anos trabalha com políticos em Portugal e que foi o responsável pelo marketing da campanha eleitoral de António Guterres em 1995.
Previsto está que em Agosto e Setembro, antes do início da campanha eleitoral propriamente dita que se inicia a 20 de Setembro, caiba a António Costa a função de ser a cara do projecto de Governo do PS. O secretário-geral do PS não irá assim criticar nunca o governo nem responder ao que venha a ser dito quer pelo primeiro-ministro e líder do PSD, Passos Coelho, quer por Paulo Portas, vice-primeiro-ministro e líder do CDS, segundo partido da coligação “Portugal à Frente”.
Costa centrar-se-á no que é a campanha e o discurso para o futuro. Uma solução que é clássica na política. Ou seja, é habitual os candidatos a primeiro-ministro vestirem-lhe a pele durante a campanha, para que surjam aos olhos do país com mais peso e credibilidade e se consolide a imagem de que há hipótese de serem os vencedores das eleições.
Já ao nível de cartazes, o PS vai adoptar a mesma linha. Lançou e irá explorar a série baseada na ideia de “confiança”, ou seja, a criação de uma ideia de que António Costa e o PS são confiáveis para Governar o país.
Aposta na afabilidade
O objectivo é que, já a partir de 30 de Julho, António Costa seja o centro da campanha e se desloque pelo país em contacto directo com as pessoas. Isto é, o PS pretende explorar eleitoralmente as características de Costa que fazem com que ele nas sondagens apareça à frente de todos os outros líderes e que seja apontado pelos inquiridos como o preferido para exercer o cargo de chefe de Governo.
É pela análise dos estudos de opinião que os estrategos da campanha optaram por recorrer a um tipo de campanha que aposta em técnicas eleitorais e políticas que muitos políticos têm posto de lado nos últimos anos: o contacto directo. Costa vai assim andar pelo país e concretamente na rua, para estabelecer o contacto pessoal com a população.
A aposta é, assim, na afabilidade de António Costa e no à-vontade e na facilidade com que o líder do PS estabelece contacto com as pessoas, qualidades que vão ser exploradas como forma de criar um elo de confiança.