Estado vende Efisa a accionistas da Aethel
Venda do banco de investimento do ex-BPN deverá representar um encaixe para o Estado da ordem dos 38 milhões, a ser anunciado em breve.
A Parvalorem, que junta os activos tóxicos do ex-BPN, está a ultimar a negociação de venda do Banco Efisa aos accionistas da Aethel mas falta introduzir ajustes no acordo final. Estão em causa 29 postos de trabalho, a que se juntam cerca de 12 trabalhadores da Parvalorem/ Parparticipadas que prestam serviços ao Efisa em regime de outsourcing (sistema informático).
Para além do português Ricardo Santos Silva (ex-BBVA, ex-BESI, ex-Lyxor) e da norte-americano Aba Schubert (ex-Eton Park, ex-Credit Simpso), a Pivot tem entre outros investidores o angolano Mário Palhares (ex-presidente do BAI e com mais de 20% do BNI Europa) e o português António Bernardo, à frente da Roland Berger.
O objectivo da Pivot é aceder à licença bancária do Efisa que permite operar em Portugal, em Moçambique, em Angola e na América Latina, incluindo Brasil. Esta sociedade actua na captação de fundos e no seu aconselhamento em termos de investimento em projectos.
Já esta sexta-feira a Parvalorem veio através do seu presidente, Francisco Nogueira Leite, anunciar que vai aumentar o capital em cerca de 50 milhões, para melhorar as contas, tendo em conta que em 2014, o veiculo estatal apresentou prejuízos de 307,8 milhões de euros.
Entre 2014 e este ano, o Efisa foi alvo de injecções de capital do Estado, no valor de 52,5 milhões de euros, e conseguiu manter a licença bancária activa, o seu principal trunfo na venda.
De fora da corrida para a compra do Efisa ficou a Patris, uma holding de serviços financeiros, presidida por Gonçalo Pereira Coutinho, cuja proposta terá sido de valor inferior em cerca de 10 milhões à da Aethel. A Caixa BI, que assessorou o vendedor, estima os capitais próprios do Efisa, à data de 31 de Dezembro de 2015, em torno de 50 milhões de euros.
Apesar de estar sem actividade, desde 2009, o Efisa mantém uma carteira de crédito de 50 milhões, dos quais 30 milhões estão provisionados (de cobrança duvidosa). A divida do grupo empresarial de Pais do Amaral, fundador da Patris (que tem adquirido sociedades do ex- BPN), ao Efisa representa 20% da carteira de crédito.
A nacionalização do BPN, em 2008, que foi reprivatizado em 2012, acarretou para os cofres do Estado um prejuízo de 2691,2 milhões de euros valores referentes a Dezembro de 2014. O balanço consta de um anexo do relatório de acompanhamento de execução orçamental da administração central do Tribunal de Contas do exercício de 2014, e que foi divulgado esta segunda-feira.
O documento do Tribunal de Contas refere que “o saldo acumulado das receitas e despesas orçamentais decorrentes da nacionalização e reprivatização do BPN, bem como da constituição e funcionamento das respectivas sociedades-veículo Parvalorem e Parups”, se traduz agora num défice de 2.691,2 milhões de euros, uma subida de quase 500 milhões face ao apurado em 2013.
O “buraco” resulta do défice acumulado dos anos anteriores - 746,9 milhões em 2011, 982,7 milhões em 2012, 476,8 milhões em 2013 – e de um saldo negativo de 485 milhões em 2014.