“Recuperei o passaporte”, anuncia Ai Weiwei quatro anos depois

O artista vai voltar a poder sair da China. Em Londres, já se espera que participe numa exposição dedicada à sua obra.

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Ai Weiwei, de 57 anos, estava sem poder sair da China desde 2011, quando foi detido com outros activistas. Passou 81 dias em isolamento na prisão por alegada fraude fiscal e bigamia, mas acabou por ser libertado sem nunca ter chegado a ser acusado de nenhum crime. Mais tarde, foi multado por fuga aos impostos, mas sempre disse que as acusações eram motivadas pelas suas críticas ao Governo chinês.

Na altura, a sua detenção desencadeou uma onda internacional de indignação, com muitos artistas a exigirem a sua libertação. O próprio artista lançou uma campanha, que manteve durante 600 dias, para recuperar o passaporte: todos os dias fotografava ramos de flores diferentes no cesto de uma bicicleta estacionada diante do seu atelier.

A britânica Royal Academy of Arts já anunciou que Ai Weiwei poderá agora viajar até Londres em Setembro, para acabar de preparar uma exposição dedicada à sua obra. “Estas são notícias maravilhosas para Ai Weiwei, para a sua família e para artistas em todo o mundo”, afirmou Tim Marlow, director artístico e co-curador da mostra da Royal Academy. “Estamos encantados por poder anunciar que ele se juntará a nós quando estivermos a terminar a instalação da sua exposição”, disse ainda, citado pelo site da BBC.

A exposição de Londres vai incluir muitos dos trabalhos mais significativos do chinês desde 1993, quando Ai Weiwei regressou à China, depois de uma década em Nova Iorque.

As relações entre Ai e o regime chinês pareciam ter começado a entrar nalgum apaziguamento ao longo dos últimos meses. Em Junho, um jornal oficial sugeria um “virar de página” na polémica com o dissidente, ao mesmo tempo que as autoridades autorizavam que o artista inaugurasse a sua primeira exposição individual no espaço 798, bairro de Pequim dedicado à arte contemporânea. Foi a sua primeira exposição de sempre na China.

Nos últimos anos, Ai Weiwei foi conseguindo exibir fora do seu país graças a uma equipa de curadores e assistentes que continuaram a montar as suas instalações.

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