Costa quer que os candidatos do PS devolvam a confiança aos portugueses
Líder socialista diz que “mais do que qualquer estatística, mais do que qualquer modelo económico ou preconceito ideológico, o principal falhanço deste Governo foi ter minado a confiança e de ter traído os portugueses".
No salão nobre da Reitoria da Universidade de Lisboa, onde discursou durante meia hora e ouviu a plateia cantar-lhe os parabéns, António Costa empenhou-se em enfatizar os percursos políticos e profissionais dos cabeças de lista às eleições legislativas, apontando-os como um factor decisivo para repor a confiança dos portugueses no futuro do país, confiança essa que, nas suas palavras, foi “minada” pelo Governo de Pedro Passos Coelho
"O sinal que quisemos dar ao país com a renovação dos cabeças de lista, com este conjunto tão diverso de homens e mulheres, com experiência política ou com um importante percurso profissional, é que temos uma equipa de confiança”, declarou, garantindo que esse sinal de renovação continuará a ser dado com os lugares nas listas de candidatos a deputados que se seguem aos cabeças de lista, que esta sexta-feira foram apresentados.
Afirmando que "não pode haver confiança no país sem uma equipa que mereça confiança", Costa tocou numa questão sensível ao dizer que os portugueses estão "a sofrer anos de enorme depressão e descrença e, caso não se reconstrua a confiança, é impossível mobilizar o país". E declarou que “um país que não se mobiliza perante esta crise é um país que não consegue vencer a crise. Mais do que qualquer estatística, mais do que qualquer modelo económico ou preconceito ideológico, o principal falhanço deste Governo foi ter minado a confiança e de ter traído os portugueses".
Depois das críticas “ao falhanço” do Governo, António Costa assestou bateria ao PSD por estar a preparar um regulamento que visa condicionar a actuação dos seus deputados, "sendo expulso quem estiver em divergência". E proclamou: "Pois eu quero pedir aos deputados do PS é que nunca calem a divergência". A sala aplaudiu as palavras de Costa com uma salva de palmas.
Relativamente àqueles que o advertem para os riscos de ter muitos independentes e professores universitários nas listas, responde: "Mas que perfil de liderança imaginam as pessoas que um líder político deve ter? Então um líder para se afirmar tem de ter medo da qualidade dos outros, tem de ter medo da inteligência e da divergência dos outros? O que marca a boa liderança é ser-se capaz de chamar à vida política aqueles que são mais inteligentes, mais livres, mais capazes e mais exigentes e até melhores do que o próprio líder, por que é isso que dá força a uma alternativa", afirmou.
Distritais às voltas com as listas
A maior parte das distritais já votou as listas de candidatos a deputados, tentando cumprir o prazo fixado pela direcção do partido que termina precisamente este sábado, mas há federações como Porto e Lisboa que ainda não reuniram para aprovar as listas. Braga, Coimbra e Viana do Castelo reunem sexta-feira à noite.
E no caso de Viana do Castelo, onde António Costa teve uma votação expressiva (63%) nas eleições primárias que disputou com António José Seguro, todos os lugares elegíveis (à excepção do cabeça de lista, Tiago Brandão Rodrigues), são ocupados por seguristas. A reunião do secretariado da federação, que antecedeu a da distrital, escolheu Dora Rodrigues, presidente das Mulheres Socialistas do distrito de Viana, para ocupar a terceira posição, afastando a actual deputada Sandra Pontedeira.
A poucos dias da reunião da comissão política do PS aprovar as listas, os socialistas que apoiaram Seguro tentam ser eleitos, mas temem que a unidade proclamada esteja em risco e responsabilizam Álvaro Beleza (que integrou o secretariado nacional de António José Seguro), de não estar a defender como deve ser a representação do ex-líder.
Apesar do desconforto que existe nas hostes seguristas, há alguns nomes próximos de Seguro que estão garantidos, entrando pela quota do secretário-geral, como é o caso de Alberto Martins, Álvaro Beleza, Eurico Brilhante Dias ou João Soares. Já António Galamba, Isabel Coutinho, João Ribeiro, João Proença e Miguel Laranjeiro devem ficar de fora das listas.
As eleições presidenciais continuam a agitar a agenda política. O eurodeputado Francisco Assis manifestou “grande simpatia e amizade” pela aparente disponibilidade de Maria de Belém Roseira para disputar uma candidatura presidencial, mas vai esperar pelo anúncio formal da ex-ministra da Saúde, pois não se “reconhece” em nenhum dos candidatos no terreno. “Faz falta uma candidatura de centro-esquerda”, afirma o eurodeputado ao jornal electrónico Observador, que já disse que não votará em António Sampaio da Nóvoa