Luna 2, 1959
A então União Soviética marcou o início da exploração do espaço com a chegada física do primeiro engenho de fabrico humano a outro mundo: a sonda
Luna 2, que se espatifava, de propósito, contra superfície na Lua, em Setembro de 1959. Antes disso, a Luna 1 tinha falhado essa alunagem, mas ainda assim foi a primeira sonda a chegar perto da Lua a 4 de Janeiro de 1959, passando a cerca de 6000 quilómetros, e a entrar depois em órbita do Sol. Alguns anos antes, no contexto da guerra fria, que opôs Estados Unidos e União Soviética, esta já tinha marcado pontos ao tornar-se o primeiro país a enviar para o espaço um satélite. O Sputnik 1, em Outubro de 1957, dava início à nossa relação com a Terra de uma maneira completamente nova.
Mariner 2,
1962
A primeira sonda espacial a ir ao encontro de outro planeta – com sucesso – foi a
Mariner 2, lançada pelos Estados Unidos. Em Dezembro de 1962, fazia a sua aproximação máxima de Vénus, a quase 35.000 quilómetros. A sua antecessora, a Mariner 1, viu o voo do foguetão que a transportava ser abortado segundos após a descolagem.
Mariner 4, 1965
Esta sonda espacial dos Estados Unidos fica na história como a primeira a obter imagens de outro planeta. Marte, neste caso. Munida de uma câmara a bordo, tirou 22 imagens e quatro mapas com imagens em mosaico, que demoraram cerca de quatro dias a ser transmitidas para a Terra, segundo o “
site
” da agência espacial norte-americana NASA. Cumpriram-se precisamente 50 anos, nos dias 14 e 15 deste mês, que a
Mariner 4passou nas redondezas do planeta vermelho, continuando em seguida em direcção à órbita solar, onde resistiu alguns anos.
Apolo 11, 1969
Ponto alto da corrida ao espaço durante a guerra fria, agora a favor dos Estados Unidos, foi a ida do homem à Lua. O homem já tinha ele próprio ido ao espaço, uma estreia do soviético Iuri Gagarin, em 1961. Mas em Julho de 1969 a espécie humana, através de Neil Armstrong, secundado logo por Buzz Aldrin, assentava os pés noutro sítio que não a Terra. Mais de 600 milhões de pessoas pelo mundo estiveram coladas à televisão a ver esse momento histórico e a ouvir a celebérrima frase de Neil Armstrong, enquanto descia as escadas do módulo lunar até à superfície da Lua: “É um pequeno passo para um homem, um salto gigante para a humanidade.” Até 1972, seis missões Apolo levaram 12 homens à Lua.
Pioneers, 1973 e 1974
A humanidade aventurou-se a atravessar a cintura de asteróides, entre Marte e Júpiter, com as sondas
Pioneer 10 e 11, da NASA. E, assim, os planetas gigantes eram observados de perto. A Pioneer 10 teve o seu primeiro encontro imediato com Júpiter em Dezembro de 1973, e a Pioneer 11 seguiu-lhe o exemplo em 1974 e, em 1979, esta última sonda fez as primeiras observações directas de Saturno. Como autênticas batedoras do sistema solar, as Pioneer abriram caminho para a Grand Tour, como ficou conhecida a viagem a Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno das Voyager, também da NASA. A Voyager 1 chegou a Júpiter em Março de 1979 e a sua irmã em Julho desse ano (na imagem, Neptuno visto pela Voyager 2). As Pioneer e as Voyager são as únicas sondas que estão agora a chegar à fronteira do sistema solar, onde termina o império do Sol e começa o de outras estrelas.
Mariner 10, 1974
Mercúrio, o planeta mais perto do Sol, recebia a primeira visita de um aparelho humano, em três encontros próximos, em Março e Setembro de 1974, e ainda em Março de 1975. Durante a sua missão, a
Mariner 10
tirou mais de 7000 fotografias de Mercúrio, de Vénus, da Terra e da Lua. Só 37 anos depois daquele primeiro encontro, em Março de 2011, Mercúrio foi visitado por outra sonda da NASA, a
Messenger, que em Abril último terminou a sua missão, esmagando-se violentamente contra o planeta.
Vikings, 1976
A vez de Marte receber a visita, na sua superfície poeirenta, de sondas espaciais chegou a 20 de Julho de 1976, com a Viking 1 e, a 3 de Setembro desse ano, com a Viking 2. Imóveis no solo marciano, as
Viking
, da NASA, tiraram cerca de 4500 fotografias, fizeram milhões de medições e procuraram sinais de vida, um desígnio ainda hoje perseguido pela humanidade. Depois das
Viking, ficaram memoráveis as missões da
Mars Pathfinder, da NASA, que em 1997 alcançou com sucesso a superfície de Marte, e do seu robô, o
Sojourner, que se movimentou pelo solo marciano. Além de várias sondas em órbita, o planeta tem tido outras missões robóticas da NASA bem-sucedidas, destacando-se o
Spirit, o
Opportunity, lá pousados em 2004, e o
Curiosity, em 2012.
Ulisses, 1994
Embora já tivesse sido observado por sondas, o Sol teve direito a uma missão destinada a si, direccionada em particular para os seus pólos, difíceis de observar da Terra. A sonda
Ulisses, uma missão conjunta da Agência Espacial Europeia (ESA) e da NASA, começou por visitar o pólo sul do Sol em 1994, seguindo-se o pólo norte em 1995 e, em 2000, os dois. À Ulisses seguiu-se logo o satélite Soho (da ESA), que entrou em operação em 1996 e permitiu descobrir, por exemplo, mais de 2000 cometas.
Huygens, 2005
A Europa, pela mão da ESA, fazia aterrar com sucesso um aparelho em Titã, uma lua de Saturno, outra visita inédita. Durante a descida e no tempo que aguentou na superfície de Titã, antes de sucumbir, a sonda
Huygens captou imagens desse mundo. Tinha sido levada, até junto de Saturno, às costas de outra sonda, a Cassini, da NASA.
Dawn, 2011
O asteróide Vesta teve a visita dedicada da
Dawn
, em 2011 e 2012. Agora, esta sonda da NASA está a estudar outro asteróide, Ceres, o primeiro a ser descoberto na cintura entre Marte e Júpiter. A proeza de ter as primeiras imagens de perto de um asteróide é, porém, da sonda
Galileu, que a NASA pôs na órbita de Júpiter em 1995.
Roseta, 2014
Espectacularmente, a ESA conseguiu aterrar uma sonda, a pequena
File, no núcleo de um cometa (o 67P/Churiumov-Gerasimenko), que horas antes tinha sido largada da sua sonda-mãe, a Roseta, em órbita desse corpo existente desde os tempos iniciais da formação do sistema solar. Essa missão, que mostra um cometa como nunca o tínhamos visto antes, fez essa aterragem em Novembro de 2014. A primeira aproximação ao núcleo de um cometa, o Halley, coube à Giotto, também da ESA, em 1986, ficando a 605 quilómetros de distância.
New Horizons, 2015
A imagem esfumada de Plutão, nunca até aqui visitado por uma sonda, ganhou agora contornos reais, com zonas irregulares e outras planas, devido à passagem por ali há alguns dias da
New Horizons. O sistema solar, de uma ponta à outra, foi por fim percorrido.