Audi não quer deixar tecnologia digital nas mãos de Silicon Valley
Presidente executivo da marca alemã está optimista em relação ao sul da Europa.
Numa conferência de imprensa em Portimão, que serviu para apresentar a nova versão do modelo desportivo R8, o presidente executivo da marca alemã, Rupert Stadler, afirmou que a empresa vai recrutar nestas áreas. “Não vamos deixar as oportunidades da digitalização para Silicon Valley”, garantiu. “Acreditamos no nosso próprio poder de inovação”.
Stadler, porém, mantém as portas abertas à colaboração que já tem com plataformas externas. Tanto o Apple Car Play como o Android Auto, já foram incoporados em carros de gama alta da Audi. Os dois sistemas permitem uma melhor integração com telemóveis e pretendem facilitar por parte do condutor o uso de funcionalidades como as chamadas telefónicas, os SMS e a escolha de música.
O gestor afirmou ainda que “a inteligência artificial será o próximo nível” na indústria automóvel e lembrou que o sector está a desenvolver sistemas que permitem aos carros “comunicarem uns com os outros”. A intercomunicação é uma peça importante na construção de um mundo em que os carros conduzem autonomamente, uma visão que muitas marcas se estão a esforçar por concretizar.
Optimismo para o sul da Europa
Depois de uma crise financeira que afundou o sector automóvel na Europa, o presidente da Audi vê com optimismo o crescimento que tem vindo a ser registado nos mercados sul-europeus.
Stadler observou que “os italianos têm estado a comprar mais carros nos últimos 15 meses”, embora o mercado esteja “num nível abaixo de antes da crise”. Sobre Espanha, disse que a marca “está confiante no mercado em geral”. E em relação a Portugal referiu “uma expansão da economia, ainda que num nível mais moderado”.
As vendas em Portugal têm vindo a subir nos últimos dois anos e 2015 está a ser o segundo melhor ano da década: é preciso recuar a 2010 para encontrar um primeiro semestre com mais carros vendidos. Até Junho, tinham sido vendidos 100.656 ligeiros de passageiros, mais 33% do que no ano passado. A Audi é a nona marca que mais automóveis vende e tem uma quota em torno dos 5% de mercado.
Já os dados mais recentes da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis indicam que a procura na União Europeia subiu 11% entre Janeiro e Maio. Em Espanha, o mercado cresceu 34% e em Itália, 8%.
Rupert Stadler, porém, apontou indicadores de abrandamento económico de regiões fora da Europa, incluindo o arrefecimento dos mercados indiano e brasileiro e o crescimento “surpreendentemente moderado” da economia chinesa. No primeiro trimestre deste ano, o PIB cresceu 7%, o valor mais baixo dos últimos seis anos.
O mercado chinês de automóveis explodiu em meados da década passada, quando o país se tornou o segundo maior consumidor de automóveis, atrás dos EUA. No entanto, os padrões de consumo já se estão a aproximar dos mercados maduros e em 2013 as vendas de carros usados superaram pela primeira vez as de veículos novos.