Os Italianos: de uma garrafa, eles fizeram dois copos
São dez os finalistas da edição 2015 do Prémio Nacional das Indústrias Criativas — e nós quisemos saber mais sobre eles. Três jovens italianos criaram um sistema de reaproveitamento de garrafas de vidro, através das quais conseguem obter dois copos
Como definiriam o vosso projecto, um dos dez finalistas do PNIC 2015?
Os Italianos é um sistema para reaproveitar garrafas em vidro. Por cada garrafa conseguimos obter dois copos: um para água feito a partir da parte baixa da garrafa e um cálice, composto por um pedestal, uma base em cerâmica vidrada e mais uma parte superior realizada com garrafas de vidro usadas, cortadas e limpas. A estanquidade entre a parte de cerâmica e aquela em vidro é garantida por três pequenos selos de silicone alimentar que, além de assegurarem uma boa fricção, também permitem a remoção do suporte no momento da lavagem. A possibilidade de remover permite, também, personalizar o produto trocando as bases de diferentes cores e criando assim uma ligação entre o copo e a pessoa que o escolhe. Sendo o produto completamente feito em Portugal, também as garrafas aproveitadas são portuguesas, transmitindo através do próprio aspecto os valores tradicionais das bebidas nacionais (vinho e vinho do Porto). Tudo isto é o resultado de uma cuidadosa reflexão sobre os comportamentos diários das pessoas, uma experimentação contínua e um total respeito pelo meio ambiente. O desejo de manter uma linha de produção ambientalmente amigável permitiu-nos, também, colaborar com artesãos portugueses das Caldas da Rainha (cerâmica) e na Marinha Grande (vidro). Tudo combinado com um design moderno e processado com técnicas manuais. Queremos mostrar ao público em geral que qualquer material pode ser reutilizável, neste caso de modo criativo e original, e que o processamento manual de cerâmica e vidro pode, hoje em dia, ter um aspecto moderno e interessante.
Em que é que o vosso projecto difere de outros semelhantes?
Tentamos promover este tipo de materiais, até agora visto como resíduos. Num processo de “upcycle”, transformamos embalagens usadas e sem funcionalidade em novos objectos, através de processos de produção mais sustentáveis do que a reciclagem. Tudo isto é possível graças a uma colaboração com artesãos locais, redescobrindo e modernizando os empregos tradicionais considerados por muitos desactualizados. Além disso, o projecto revela um valor emocional forte pela descoberta, por parte do comprador, da reutilização da garrafa, e pela possibilidade de personalização através da escolha da cor e da forma da cerâmica.
Quais as características que um vencedor do PNIC deve ter?
Defesa da economia verde, recuperação de tradições para o futuro e competitividade e potencial de crescimento.
Em que investiriam este valor?
O valor do prémio seria investido no crescimento do negócio através da criação e produção de novos produtos que mantêm a mesma filosofia da sustentabilidade ambiental e da tradição local.
Quais são os vossos objectivos para 2015?
2015 é o nosso primeiro ano e, por isso, o nosso principal objectivo é crescer e ampliar cada vez mais os processos de produção e distribuição, a fim de abrir espaço para o lançamento de novos produtos prontos a entrar no mercado.