Costa defende manutenção da Grécia na zona euro

O líder do Partido Socialista referiu que o resultado do referendo da Grécia é uma oportunidade para encontrar novas alternativas às políticas de austeridade, tanto a nível europeu como a nível interno. Mas evitou responder se ainda mantém os elogios que fez em Janeiro ao Syriza.

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António Costa participa na primeira cimeira europeia como primeiro-ministro Enric Vives-Rubio

Em conferência de imprensa na sede do partido, António Costa afirmou que o PS é defensor do projecto europeu mas também respeita a liberdade do povo grego decidir em referendo o seu futuro. Para o líder socialista, a vitória do “não” na consulta popular de domingo “deve ser aproveitada para uma nova abordagem da crise da zona euro”: uma abordagem que “respeite a dignidade e a igualdade entre todos os Estados-membros”. E não pode “servir de pretexto para tentar, ao arrepio dos Tratados, excluir a Grécia do euro”.

“Persistir em dar continuidade a uma estratégia errada só pode conduzir ao agravamento dos seus resultados e pôr em causa o próprio projecto europeu”, avisou António Costa, lembrando também que o PS tem defendido a necessidade de se mudar o método e a estratégia para ultrapassar a crise.

Defendeu também que as “proclamações unilaterais ou a negociações bilaterais entre credores e devedores devem ser substituídas por uma abordagem conjunta e solidária no seio das instituições”, procurando respeitar o “princípio da igualdade entre todos os estados membros”. Segundo o secretário-geral do PS, “a afirmação clara da integridade irreversível do euro e a recusa inequívoca de qualquer 'Grexit' é urgente para garantir a estabilidade das condições de financiamento no conjunto da zona euro”.

“Nós respeitamos a escolha de cada um dos países. E respeitamos de igual forma a escolha do povo grego, como temos que respeitar a escolha do povo alemão. Como exigimos ao povo alemão e ao povo grego que respeite a escolha do povo português. E por isso sempre dissemos que numa Europa a 28 ninguém pode prometer resultados unilaterais”, realçou António Costa. “O que todos temos de prometer e sermos capazes de fazer, é identificar quais são os interesses nacionais e qual é o ponto de convergência do interesse nacional com o interesse comum da Europa.”

Questionado sobre as críticas duras à Grécia por parte de dirigentes europeus socialistas, como foi o caso de Sigmar Gabriel (líder do SPD) e de Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu, António Costa disse “não se rever” nas declarações dos dois alemães e considerou que “não expressam a posição dos socialistas europeus”.

“O comunicado do Partido Socialista Europeu é inequívoco sobre o apelo à reabertura das negociações, à manutenção da Grécia no euro e à superação desta crise”, descreveu Costa, acrescentando acreditar que Sigmar Gabriel “falou mais como vice-chanceler da Alemanha do que como socialista europeu e também creio que o próprio Martin Schulz, ao longo deste dia, dará uma indicação muito clara de que compreendeu os resultados do referendo na Grécia e de qual é a posição que as instituições europeias devem ter para superar esta crise”.

Depois de há cinco meses, no rescaldo da vitória do Syriza na Grécia, António Costa ter defendido as posições do Governo grego, o líder socialista tentou agora afastar-se de qualquer colagem. Aliás, evitou mesmo uma resposta directa a uma pergunta sobre se ainda mantém os elogios então feitos à equipa de Tsipras.

“Nós temos tido uma linha de coerência ao longo de todo este processo sobre a questão do projecto europeu. Fazemos uma avaliação negativa dos programas de ajustamento. Sabemos bem, pela nossa própria experiência, de como o programa de ajustamento não resolveu nenhum dos problemas que se propunha resolver. E a Grécia é, aliás, a ilustração dramática do fracasso dessa orientação política. Foi o país onde a austeridade foi levada mais longe e é o país de toda a zona euro que se encontra em piores circunstâncias”, afirmou Costa.

Só mais à frente, já respondendo a outra pergunta, haveria de vincar: “O PS não é o Syriza. Cada partido e cada país tem os seus problemas e as suas escolhas próprias.”


Notícia editada por Maria Lopes

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