Tsipras denuncia "extorsão" e assume-se "defensor da democracia na Grécia e na Europa"

Chefe do governo grego volta a apelar ao "não" no referendo e diz que Wolfgang Schäuble vê o euro como "sinónimo de pobreza, austeridade e catástrofe social".

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O primeiro-ministro grego Christian Hartmann/ REUTERS

Ao fim da tarde, Tsipras usou a sua conta na rede social Twitter para partilhar várias mensagens, que repetiram os argumentos do seu Governo em defesa do "não" no referendo de domingo, mas que serviram também para lançar mais algumas acusações aos governos da zona euro e à troika.

"As filas nos bancos são uma vergonha para a Grécia e para a Europa", escreveu o primeiro-ministro grego. Às "pessoas que estão em dificuldades, nas filas para os bancos e caixas automáticas", Tsipras garantiu que o seu Governo está "a lutar por uma solução viável e digna".

"Temos a justiça do nosso lado. Estamos a defender a democracia na Grécia e na Europa", afirmou.

Numa tentativa de mobilizar os gregos para votarem no "não" aos programas apresentados pela troika, Alexis Tsipras dramatizou o discurso e disse que a votação de domingo não será nem apenas contra as propostas, nem contra a zona euro: "O povo grego sabe perfeitamente sobre o que vai votar no referendo. Democracia e justiça na Europa."

"O povo grego não vai sucumbir à campanha de medo. A velha política instalada que é responsável pela dívida está contra nós. Um voto no 'não' sobre uma solução que é inviável não significa dizer não à Europa. Significa exigir uma solução realista", reafirmou o primeiro-ministro grego.

O referendo de domingo, disse Tsipras, "dá a todo um povo a oportunidade de influenciar o processo de negociação" com a troika, e "quanto maior for o 'não', mais forte será a posição do governo quando as negociações recomeçarem".

O reinício das negociações – algo que não é dado como certo pelos países da zona euro se o "não" vencer – serão retomadas "no dia a seguir ao referendo", afirmou Alexis Tsipras.

Em mais de duas dezenas de mensagens, que começaram a ser partilhadas no Twitter a partir das 19h (hora em Portugal continental, 21h em Atenas), o primeiro-ministro grego só fez referência a um nome – ao do ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, para acusá-lo de ver a moeda única europeia como "sinónimo de pobreza, austeridade e catástrofe social".
 
"Nos últimos cinco anos, a Grécia implementou as decisões dos seus parceiros, mas não foi encontrada nenhuma solução para o problema grego", escreveu Tsipras.

Referindo-se ao período em que tem negociado com a troika desde que chegou ao poder, no início do ano, o primeiro-ministro grego disse que o seu país "tem lidado com uma chantagem sem precedentes para aceitar medidas recessivas". Agora, disse Alexis Tsipras, será "o povo a decidir em liberdade".

E, para o chefe do governo grego, só há duas saídas possíveis: "Ou sucumbimos a ultimatos, ou optamos pela democracia. O povo grego não pode esvair-se em sangue por mais tempo."

 "Se sucumbíssemos ao ultimato, estaríamos a virar as costas ao mandato popular do povo grego", disse ainda, em resposta aos que o acusam de não assumir as suas responsabilidades enquanto primeiro-ministro ao levar esta questão a referendo.

"A austeridade só serve para aprofundar a crise. Os trabalhadores e os pensionistas não podem suportar mais esse fardo", afirmou.

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