O pessimismo controlado

Roy Andersson pode ser, à sua maneira, excelente, mas depois de vermos os filmes ficamos com vontade de ir ao cinema.

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Mas depois sai-se da sala a pensar na célebre frase com que Orson Welles desdenhou de Eisenstein – “é excelente, mas sempre que vejo um filme dele fico com vontade de ir ao cinema”.

Roy Andersson também é, à sua maneira, “excelente”, mas também deixa essa vontade de “ir ao cinema”. São filmes que nunca se “perdem”, quase “pré-fabricados”, num controlo demasiado perfeitinho de si próprios e, sobretudo, do efeito que pretendem provocar – e assim o seu “pessimismo” nunca se solta, fica como uma espécie de versão caricatural da angústia dos grandes pessimistas nórdicos, estimável e quase pop, mas quase sempre inconsequente. É de nós, ou da estrutura fragmentada dos filmes, mas lembramo-nos sobretudo de séries de televisão capazes de jogar, com humor ou sem ele, o jogo do desespero existencial – de certos momentos dos Monty Python ao Hitchcock Presents, passando pelos Contos do Imprevisto de Roald Dahl – e não conseguimos afastar a sensação de que tudo isso era mais económico, mais subtil, e capaz de ser muito mais abissal.

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