Ponte Luís I alargada para facilitar ligação pedonal entre o Porto e Gaia
Requalificação do tabuleiro inferior já foi aceite pela empresa que juntou a Estradas de Portugal e a Refer e é alternativa, mais barata, a uma nova ponte pedonal.
O avanço desta alternativa foi esta terça-feira revelado em reunião de Câmara pelo vereador do Urbanismo do Porto, Correia Fernandes, quando se discutia um protocolo de cooperação com Gaia para a reabilitação urbana e salvaguarda do Centro Histórico das duas cidades, aprovado por unanimidade. Este protocolo prevê a criação, ainda em Julho, de um grupo de trabalho intermunicipal, mas os técnicos estão já a colaborar para corrigir um dos problemas identificados na ligação entre as duas cidades.
O tabuleiro superior da Ponte Luís I foi já alargado, para acomodar a linha amarela do metro e a circulação de peões que à cota alta se desenvolve em dois passeios construídos para lá da infraestrutura existente. Correia Fernandes explicou que essa mesma solução será adoptada no tabuleiro que liga as duas margens, embora neste caso, admitiu, seja necessário desenhar uma cobertura, num material leve e visualmente não intrusivo, para proteger os passantes da queda de objectos.
O projecto vai ter de passar pelo crivo das instituições que zelam pelo património, como a Direcção Regional de Cultura e a Unesco, mas o arquitecto, eleito pelo PS, não tem grandes dúvidas de que esta é a melhor hipótese de trabalho. Durante um curto debate na reunião, e respondendo ao vereador do PSD Amorim Pereira, Correia Fernandes argumentou que a construção de novas travessias, mesmo pedonais, implica um acréscimo de carga sobre as duas margens já de si sobrecarregadas de equipamentos. “Poderíamos estar a criar um problema futuro só para debelar uma necessidade actual”, disse.
O aumento da pressão turística sobre as duas Ribeiras tem sido evidente, nos últimos anos, e há muito que o tabuleiro inferior da ponte Luís I não chega para as necessidades. Correia Fernandes lembrou que ao longo dos seus quase 130 anos de funcionamento a ponte foi sofrendo vários reforços para acomodar o aumento sucessivo de carga. A última grande intervenção, já neste século, visou integrar a linha de metro no tabuleiro superior e salvaguardou as características e a beleza estética deste projecto do francês Théophile Seyrig. O vereador portuense garante que o mesmo vai acontecer desta vez.
A empresa pública que tem a seu cargo a ponte tem disponíveis 500 mil euros para uma intervenção neste tabuleiro. Correia Fernandes acredita que esse valor cobre os custos deste projecto mas também não antevê grande dificuldade para, entre os dois municípios, se conseguir o montante que possa faltar. O orçamento deve ser conhecido nas próximas semanas, dado que os autarcas do Porto e de Gaia pretendem apresentar o projecto à Infraestruturas de Portugal, a empresa pública que agrupou a Refer e a Estradas de Portugal.
Esta iniciativa pode ser vista como o pontapé de saída do grupo de trabalho conjunto que vai começar a ocupar-se das questões dos dois centros históricos, vistos como um espaço comum de relevante interesse histórico e paisagístico, apesar de só o do Porto, e uma pequena parte de Gaia – a Serra do Pilar – estarem classificados pela UNESCO. Gaia tem a pretensão de candidatar a sua ribeira, com as caves, a Património da Humanidade, e este trabalho com o Porto visa também apoiar essa pretensão da cidade vizinha.
Os dois municípios participam, com Gondomar e Santa Maria da Feira, num outro grupo de trabalho, este integrado na Área Metropolitana do Porto, que está a pensar um plano estratégico para o Rio Douro e as suas margens. Até ao final de Julho será conhecido o relatório com as linhas mestras das intervenções no rio, que as câmaras e a AMP poderão candidatar a fundos comunitários. Nessa mesma altura, adiantou Correia Fernandes, será apresentado o projecto de um outro grupo metropolitano, o da Estrada da Circunvalação, já com uma estimativa de custos das várias empreitadas previstas nos concelhos do Porto, Matosinhos, Gondomar e Maia.