Tunísia detém grupo de suspeitos com ligações ao atentado em Sousse

Ministros europeus foram à Tunísia dar apoio ao Governo de Tunes. David Cameron anuncia resposta “a toda a escala” contra o Estado Islâmico, mas descarta via militar.

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Ministros europeus anunciaram um acordo de cooperação na área da defesa contra o terrorismo Zohra Bensemra / Reuters

Mantém-se a teoria de que Rezgui estava sozinho na praia do hotel Marhaba, embora haja testemunhas que apontem para dois atiradores. O que está em causa, assegurou nesta segunda-feira o ministro do Interior tunisino, é a rede de extremistas que apoiou o jovem de 23 anos. “Vamos encontrar todos os envolvidos, quer tenha sido apoio logístico ou não”, disse Najem Gharsalli.

Uma sequência de acontecimentos que se repete. Após o ataque fundamentalista ao museu Bardo, em Março, a Tunísia deteve rapidamente um grupo de 23 suspeitos e anunciou o fim do braço do Estado Islâmico que desencadeara o ataque. Três meses depois, no entanto, não há sinais de novas detenções nem do início do julgamento. Morreram 22 turistas nesse ataque.

Ao lado de Gharsalli, ainda não tinham sido anunciadas as detenções, estavam os ministros do Interior britânico, francês e alemão. Theresa May, Bernard Cazeneuve e Thomas de Maizière, respectivamente, anunciaram projectos de cooperação com o Governo tunisino na área do combate ao terrorismo, e participaram depois numa cerimónia na praia onde começou o atentado. “Somos quatro democracias contra o terrorismo”, disse Cazeneuve. 

Era a resposta que a Tunísia procurava. Desde sexta-feira que o Governo de Tunes tem procurado apaziguar os receios sobre novos atentados no país e impedir a saída de mais turistas da Tunísia. O sector do turismo é vital para a economia do pequeno país norte-africano e o executivo tem anunciado medidas fortes de protecção dos estrangeiros.

O Governo destacou centenas de polícias para locais turísticos, impediu que todos os homens com menos de 35 anos viagem para a Líbia e anunciou o fecho de associações civis e 80 mesquitas que considera “radicais”. Mas estas medidas foram vistas com receio pelo ocidente, preocupado sobre se o único país a fazer a transição para a democracia depois da Primavera Árabe não estaria novamente na via do autoritarismo.

O executivo britânico estima que haja até 30 cidadãos nacionais entre os mortos. Já se contaram 18. Nesta segunda-feira, em Sousse, Theresa May lamentou o “acto de crueldade”, mas prometeu apoio ao Governo tunisino. “A Tunísia é um símbolo do que é possível”, disse a ministra britânica do Interior.

"A toda a escala"
Pressionado pelo número cada vez maior de britânicos que se vão identificando entre as vítimas do ataque em Sousse, David Cameron anunciou nesta segunda-feira “uma resposta a toda a escala” contra a ameaça do terrorismo e do autoproclamado Estado Islâmico. Os detalhes desta resposta são ainda incertos mas, de acordo com o primeiro-ministro britânico, o Reino Unido não tem planeadas novas acções militares contra o grupo islamista.

“A nossa estratégia é construir exércitos locais”, disse David Cameron à BBC, questionado sobre se a sua “resposta a toda a escala” passaria por intensificar a pressão militar contra os radicais na Síria e Iraque. Cameron, aliás, concentrou-se ao longo do dia em dar uma resposta à ideologia do Estado Islâmico, sobretudo no que toca à “propaganda online”. “Temos de dar à nossa polícia e serviços secretos as ferramentas de que eles precisam para erradicar este veneno”, escreveu o primeiro-ministro britânico no Telegraph.

Há poucas indicações de que o Governo britânico vá modificar a sua abordagem ao Estado Islâmico. Para além de a administração interna estar há vários meses a preparar novas medidas de “contra-extremismo”, como escreve o The Guardian, nos outros departamentos governamentais é business as usual. O foco principal continua a ser identificar possíveis extremistas e impedir ataques em solo nacional. Nesta segunda-feira, David Cameron revelou que as autoridades britânicas impediram “quatro ou cinco atentados” no Reino Unido ao longo dos últimos meses.

Neste momento, o Reino Unido é o segundo país que conduz mais ataques aéreos contra o grupo extremista, embora esteja muito atrás dos Estados Unidos, que lideram a coligação – 6000 raides aéreos contra 300, disse o primeiro-ministro à BBC. O país tem ainda 160 militares e conselheiros no Iraque, também na região curda, a norte, e anunciou há um mês um novo destacamento de 125 elementos. Ao todo, no Médio Oriente, escreve o Guardian, o Reino Unido tem cerca de 800 unidades, “sobretudo envolvidas nos ataques aéreos contra o Estado Islâmico”.  

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