Neeleman recebe TAP com autocolantes e investimento que pode ir a 800 milhões

Novo dono vai comprar pelo menos 53 novos aviões e quer ter trabalhadores e sindicatos do seu lado.

Foto
Humberto Pedrosa e David Neeleman na conferência de imprensa desta quarta-feira Rui Gaudêncio

Os planos para a TAP foram apresentados com algum detalhe, mas já eram essencialmente conhecidos: uma expansão para o mercado brasileiro, uma aposta nos EUA (com dez novos destinos, entre os quais Boston, Washington e Chicago), novos aviões e remodelação de alguns já existentes. Na Europa, o objectivo é aumentar a frequência de algumas rotas e fortalecer a presença em alguns mercados onde a TAP já está presente.

Neeleman, um dos sócios do consórcio Gateway, de que faz parte o empresário Humberto Pedrosa, dono da Barraqueiro, disse que a estratégia passa por comprar pelo menos 53 novos aviões: 14 airbus A330 e 39 airbus A321 e A320. Estas novas aeronaves, argumentou, permitirão reduzir os custos por passageiro. Juntando-se a isto o montante para a capitalização da empresa, que está em maus lençóis financeiros, o investimento rondará, pelo menos, 600 milhões de euros e poderá ascender a 800 milhões, adiantou o novo dono da companhia. E afirmou também que é possível que a TAP volte a dar lucro já no próximo ano. 

O empresário, que liderou a conferência após uma breve introdução de Humberto Pedrosa, fez questão de se referir em termos conciliatórios aos trabalhadores, que foram hostis ao processo de privatização. “Quando nos sentarmos com os sindicatos, quando lhes mostrarmos o que a gente vai fazer, tenho a certeza que a maioria das pessoas vai dizer ‘vamos fazer isso juntos, vamos descolar para as alturas que nunca alcançámos em tempos passados’”. E não esqueceu uma referência aos Descobrimentos, para assegurar que Lisboa continuará a ser o ponto-chave para a TAP.

Já em resposta a uma pergunta dos jornalistas, Neeleman não descartou a hipótese de o negócio ser revertido, caso o Partido Socialista ganhe as eleições legislativas e António Costa mantenha a oposição à privatização. “Claro que pode [acontecer]. Pensei muito sobre isso”, afirmou o empresário. Mas disse estar confiante de que a estratégia para a transportadora vai acabar por conquistar políticos e opinião pública. “Políticos vêm e saem. Mas o povo português vai ficar. A TAP vai ficar. A gente claro que vai trabalhar com todos os governos no poder. Quando divulgarmos os nossos planos, tenho a certeza que toda a gente vai achar que é o melhor caminho para a TAP”. E disse ainda ter sido “quase um milagre o que foi feito nos últimos anos, sem investimento nenhum”.

Sugerir correcção
Ler 7 comentários