Exame de Matemática do 9.º ano foi mais acessível

Os alunos consideraram a prova fácil e, desta vez, a Sociedade Portuguesa de Matemática e a associação de professores da disciplina estão de acordo com eles e entre si. O nível de exigência fica "aquém do adequado ao final da escolaridade básica", sentenciou a organização científica.

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Estudantes do Rodrigues de Freitas, no Porto, esta sexta-feira após o exame de Matemática. Rita França

“O exame era fácil e correu bastante bem”, afirmou Guilherme Silva, aluno Rodrigues de Freitas. Logo a seguir à prova, já de férias, considerou que o nível de dificuldade tinha sido semelhante aos dos anos anteriores e disse esperar, pelo menos, uma classificação de 85%. Num ambiente de descontracção e rodeada pelos colegas, Joana Faria manifestou a mesma opinião. “Achei o exame básico”, disse, explicando que estudou intensamente nas últimas duas semanas e que não considerou a prova mais fácil comparativamente com anos anteriores.  

A direcção da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), no entanto, não teve dúvidas em escrever que a prova desta sexta-feira "é ligeiramente mais simples do que a do ano anterior, tendência que já se tinha registado de 2013 para 2014, ficando assim", concluiu, "com um nível aquém do grau de exigência adequado ao final da escolaridade básica". Neste contexto, considera que "a expectável subida das classificações médias nacionais não permitirá extrair conclusões significativas sobre a melhoria objetiva do processo educativo".

Em relação ao conteúdo da prova, mais especificamente, a SPM refere que ela "é realizável, em cerca de dois terços da extensão, por um aluno do 8.º ano" e que "não incorpora qualquer questão que permita distinguir especificamente alunos de nível 5".  Em declarações ao PÚBLICO, Fernando Pestana da Costa,  presidente da SPM, comentou que algumas das questões são "muito pouco desafiantes" e apontou como exemplo o facto de os alunos não serem chamados a provar que conhecem e sabem aplicar a fórmula resolvente das equações de 2.º grau. "Há, de facto, uma questão que envolve uma equação desse tipo, mas para a resolver os alunos apenas tinham de saber o que é uma raiz quadrada", comentou.

Lurdes Figueiral, presidente da Associação de Professores de Matemática (APM), utilizou a mesma expressão - "pouco desafiantes" - para se referir às questões da prova que, notou, contém “alguns itens" que se referem a conteúdos do 2.º ciclo”. A título de exemplo da maior facilidade deste exame, estranhou que numa questão sobre organização e tratamento de dados fossem pedidos apenas cálculos e dispensadas a análise e a interpretação.

A presidente da APM comentou ainda que para a subida da média contribuirá um outro factor que “torna impossível fazer comparações com os anos anteriores". "Este ano, por haver duas fases de exames, os alunos que não se encontram em condições de transitar não fizeram o teste agora; estão a fazer provas de equivalência ao 3.º ciclo nas escolas e, se entretanto a situação alterar, vão à segunda fase. Ora, isto exclui os alunos que supostamente teriam as classificações mais baixas”, disse.

Em 2014 a classificação média a Matemática dos alunos internos  subiu de 44% para 53% em relação ao ano anterior. Nesta fase, o exame conta 30% para a classificação final, mas este ano, pela primeira vez, os alunos poderão ir a uma segunda fase, caso chumbem na primeira. Nesse caso, já só serão tidas em conta as notas obtidas no exame, ou seja, quem tiver positiva fica aprovado. Esta segunda oportunidade foi estreada no 4.º ano em 2013 e alargada ao 6.º ano no ano passado. 

Fizeram o exame, nesta sexta-feira, 92.511 alunos - menos 388 do que o total de inscritos.<_o3a_p>

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