Capturado suspeito dos disparos que mataram nove pessoas em Charleston

"As vítimas morreram porque eram negras", disse a polícia, Obama optou por falar da posse de armas de fogo. "Este tipo de violência com armas não acontece noutros países", disse.

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Dylann Roof, de 21 anos,na sua página de Facebook
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Dylann foi filmado por uma câmara de segurança na entrada da igreja AFP

Dylann Roof, um homem branco de 21 anos, entrou numa igreja da comunidade negra de Charleston (Carolina do Sul, EUA), e disparou uma arma, matando nove pessoas.

A identidade do suspeito — foi identificado por familiares depois de a sua imagem ter sido passada pela polícia aos meios de comunicação social —, que foi filmado por uma câmara de segurança a entrar na igreja africana episcopal metodista Emanuel, foi avançada pelo jornal Post and Courier, que citava o FBI, a polícia federal. A polícia disse que o suspeito é da região de Columbia, a capital deste estado no sudeste, e que fica a duas horas de carro de Charleston. Dylann Roof fugiu do local do crime numa viatura preta, tendo sido capturado quase dez horas depois em Shelby, a 400 km de Charleston.

"As vítimas do tiroteio morreram porque eram negras", disse o porta-voz da polícia de Charleston, Charles Francis, quando foi questionado por um jornalista da CNN sobre uma das primeiras declarações policiais, de que se tratava de um crime de ódio.

O ataque ocorreu numa igreja histórica — a Emanuel é um dos mais antigos templos da comunidade negra do Sul dos Estados Unidos, fundada no século XIX (o edifício actual data de 1891). Na noite de quarta-feira (madrugada de quinta em Portugal continental), um grupo de fiéis reunia-se para uma sessão de oração e leitura e análise da Bíblia. A polícia, que tem feito comunicados frequentes à comunicação social, explicou que o suspeito não disparou imediatamente. O chefe da polícia de Charleston, Greg Mullen, disse que Dylann Roof esteve "uma hora no encontro de oração" antes de começar a disparar.

Oito pessoas morreram imediatamente, outra morreu já no hospital. Há um ferido hospitalizado. As autoridades não deram dados sobre as vítimas, disseram apenas que são sete mulheres e três homens, mas o reverendo Al Sharpton, um conhecido activista dos direitos cívicos nos Estados Unidos, disse que um dos mortos é Clementa Pinckney, o pastor desta igreja de Charleston de 41 anos e é também membro do senado estadual.

Para o chefe da polícia, é "impensável que, na sociedade de hoje, alguém entre numa igreja onde está reunido um grupo de pessoas para rezar e que as mate". "Nenhuma comunidade deveria ter de sofrer uma tragédia como esta", disse.

A polícia já identificou o perfil do suspeito na rede social Facebook onde, diz a AFP, Dylann Roof aparece com um blusão preto onde estão cosidas, ou coladas, uma bandeira da África do Sul do tempo do regime segregacionista apartheid e uma bandeira da Rodésia (actual Zimbabwe). Os dois regimes são admirados pelos grupos que defendem a supremacia branca nos Estados Unidos. O suspeito, avançou a polícia de Charleston, foi referenciado duas vezes pelas autoridades por envolvimento com o tráfico de droga.

“Estou aqui para matar negros”, disse no interior do igreja, contou depois uma testemunha à polícia.

Este tiroteio ocorre depois de um ano de protestos nos Estados Unidos devido à morte de cidadãos negros por polícias brancos, o que reabriu o debate sobre o racismo neste país. O Presidente Barack Obama, porém, ao comentar o crime - estava visivelmente zangado, comentou a BBC -, optou por uma linha de análise diferente, a da posse de armas. "A dado momento este país tem que reconhecer que este tipo de violência de massa não acontece noutros países desenvolvidos... com esta frequência", disse. "Já fiz declarações como esta demasiadas vezes. Agora é o momento de fazer o luto, mas este tipo de violência com armas não acontece noutros países e os Estados Unidos têm que enfrentar essa evidência. Pessoas inocentes morreram porque alguém que queria fazer o mal não teve problema em arranjar uma arma".

A arma que Dylann Roof usou para matar em Charleston — disse a CNN — foi-lhe oferecida pelo pai quando fez 21 anos.


   


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