FMI acredita que a zona euro consegue gerir “riscos” da crise grega
“Riscos imediatos de contágio” reduziram-se, mas a economia continua vulnerável aos choques”, diz o Fundo.
A zona euro pressionou a Grécia para que esta se empenhe numa solução com os parceiros europeus e a própria directora-geral do FMI, Christine Lagarde, endureceu o discurso, dizendo que é preciso haver uma negociação entre “adultos”.
As conclusões que o FMI publicou nesta quinta-feira assentam numa análise feita a partir das visitas do Fundo aos países da moeda única ao abrigo do chamado Artigo IV. A Grécia é a única a merecer uma referência particular do FMI. “Com uma resposta política atempada e eficaz, os riscos de médio prazo associados à incerteza à volta da Grécia parecem ser geríveis”, escreve a instituição liderada por Christine Lagarde.
Para o FMI, “os riscos imediatos de contágio nos mercados reduziram-se bastante com os instrumentos de política disponíveis na zona euro, incluindo o QE [o programa de compra de activos do Banco Central Europeu], e as barreiras de protecção europeias”.
Num momento em que se volta a falar de um possível cenário de desmembramento da zona euro, com a Irlanda a admitir que está a ser aconselhada pelo BCE sobre o impacto de uma saída da Grécia da moeda única, essa não é uma hipótese referida ipsis verbis pelo Fundo. A expressão “riscos” é lata o suficiente para abarcar cenários abstractos. “No médio prazo, os riscos envolvendo a Grécia podem ser geridos se forem concertados esforços para acelerar e aprofundar a integração na união monetária, tornando-a mais resiliente”.
O FMI salienta a retoma económica na área do euro, atribuindo-a às medidas tomadas para melhorar a confiança e reduzir os riscos de deflação. No entanto, as perspectivas de médio prazo são moderadas e, insiste, é preciso uma “resposta abrangente” para suportar o crescimento da economia.
Para o FMI, os 19 países da zona euro deve comprometer-se com um conjunto de reformas assentes em “quatro pilares essenciais”: manter a procura, limpar os balanços dos bancos, acelerar as reformas estruturais e reforçar o quadro de governação económica.
A expectativa do FMI é que a economia do euro cresça cerca de 1% “no médio prazo”, um ritmo que considera estar abaixo do que é preciso para reduzir a taxa de desemprego para os níveis desejados. O FMI admite mesmo que a economia possa voltar a um ritmo de “crescimento baixo” e diz que ainda está “vulnerável aos choques”.