Governo israelita retira filme sobre assassino de Rabin do Festival de Cinema de Jerusalém

Depois da ameaça de corte dos subsídios estatais pelo Ministério dos Desportos e da Cultura israelita, Para Além do Medo foi suprimido da programação. A ministra Miri Reguev tem seguido política de cancelamento de apoio às criações consideradas "pouco patrióticas".

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Yigal Amin, que assassinou o primeiro-ministro Isaac Rabin a 4 de Novembro de 1995, tem hoje 45 anos e cumpre pena de prisão perpétua AFP PHOTO/TAL COHEN

Ainda assim, Para Além do Medo manter-se-á na competição para Melhor Documentário Israelita e, depois de uma reunião entre os directores do festival e a ministra Miri Reguev, aqueles aceitaram a proposta de estrear o filme, num cinema privado, alguns dias antes do início do festival. Em comunicado, Miri Reguev declarou ser “impensável que um festival apoiado pelo estado apresente um filme sobre o assassinato vil de um primeiro-ministro”. Quanto a Yigal Amir, que os realizadores Herz Frank e Maria Kravchenko filmaram na prisão onde cumpre pena, acompanhando a relação deste com a mulher, com quem casou já detido, e com o filho de ambos, de 12 anos, a ministra dos Desportos e da Cultura escreveu que “as balas da sua pistola esmagaram um símbolo do Estado, da democracia e liberdade de expressão”, acrescentado: “Estes são valores sagrados que foram violados por este assassino desprezível”.

Miri Reguev, 50 anos, tem provocado um verdadeiro tumulto nos meios culturais israelitas. A pressão bem-sucedida sobre a organização do Festival de Cinema de Jerusalém surge na sequência da suspensão do financiamento estatal do teatro Al-Midán, na cidade de Haifa, onde estava em cena Vida Paralela, peça sobre o palestiniano Walid Daka, que nos anos 1980 sequestrou e assassinou um soldado israelita. Reguev tem seguido uma política de sanções semelhantes aos projectos culturais apoiados pelo Estado que o seu ministério considere “pouco patrióticos”. Segundo escreve o El País, ao contrário do agora sucedido com Para Além do Medo, estas têm sido geralmente obras críticas da ocupação dos territórios palestinianos ou que defendam atitudes pacifistas perante os vizinhos árabes.

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