Primeiro-ministro diz que Portugal resistirá a uma saída da Grécia do euro

Passos Coelho afirma que que é "perturbador" que a Grécia esteja novamente perto de uma situação de bancarrota e diz que há "lições políticas" a serem retiradas.

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Passos aponta o dedo ao Governo grego e disse que a situação não se resolve "simplesmente num plano político" Nuno Ferreira Santos

"Nós temos condições para poder dizer que o Tesouro português está, até ao final do ano, em condições de poder enfrentar qualquer volatilidade no mercado externo e temos boas razões para pensar que nos próximos meses teremos, com certeza, uma boa resposta também para o primeiro semestre de 2016", afirmou o primeiro-ministro, durante o encerramento do seminário “Investimento e Financiamento às Empresas -- Uma Ideia para Mudar Portugal", organizado pelo Fórum para a Competitividade, na Porto Business School.

O primeiro-ministro realçou que é da responsabilidade do Governo prevenir as eventuais restrições de financiamento que possam advir da situação grega, mas diz que Portugal está prevenido, pelo que, "se alguma coisa de mais grave acontecer com a Grécia, Portugal não cai a seguir".

Segundo declarou Pedro Passos Coelho: "Hoje estamos, depois de vários meses de impasse, sem saber se vamos ter ou não vamos ter um incumprimento dentro da zona euro e isso tem causado um efeito que não se dissipará com facilidade. O que é que se passa? Há um país que está à beira novamente da bancarrota e ao cabo de quase quatro meses de negociações não há uma saída, uma solução para o problema? Julgo que isto é, no mínimo, perturbador.”

O governante salientou que "aqueles que pensam que a situação se resolve simplesmente no plano político, ignorando todos os outros, mostram ter um desconhecimento muito grande do que é a política e do que é a realidade".

Isto porque, para Passos Coelho, "os políticos têm uma palavra muito importante em todos estes processos, mas quando decidem ao arrepio das condições e da realidade, o que fazem é vender ilusões às pessoas e não resolver os problemas".

"Julgo que há muitas lições políticas que um dia se poderão tirar deste processo, mas o que quero sublinhar é que julgo que hoje nós temos condições em Portugal para passar por um período de maior perturbação nos mercados financeiros como não tivemos nos anos precedentes e creio que isso deve reforçar a nossa confiança", declarou ainda o primeiro-ministro.

Na segunda-feira, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, admitiu que é impossível prever as consequências a médio e longo prazo de um eventual incumprimento por parte da Grécia, já que se entraria "em águas desconhecidas".

À semelhança dos mercados bolsistas, o euro caiu hoje em relação ao dólar, pressionado pela incerteza sobre a situação da Grécia, a dois dias de uma reunião do Eurogrupo.