Egipto inaugura novo canal do Suez a 6 de Agosto

Nova via entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho poderá representar 89 mil milhões de euros de receitas anuais.

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Governo egípcio quer construir grande centro industrial e de logística nas imediações do novo canal

Segundo a ACS, neste momento cerca de 80% do projecto está concluído, com mais de 210 milhões de toneladas de areia removidas da nova via marítima com que o Governo egípcio espera dar um novo impulso à economia do país, fortemente abalada pela instabilidade política dos últimos anos, onde o desemprego atinge taxas de dois dígitos.

O novo canal está no centro de um projecto que inclui a construção de uma grande área industrial, abrangendo um vasto número de sectores, como a logística e a reparação de navios, entre outros. A ambição é que este grande centro venha a representar cerca de um terço da economia egípcia, afirmou o director-geral da ACS, o almirante Mohab Mameesh, numa conferência de imprensa, em Ismaília.

A combinação entre o aumento de receitas esperado com o novo canal e os novos projectos de investimento que lhe estão associados poderão representar para o Egipto uma receita anual adicional de 100 mil milhões de dólares (cerca de 89 mil milhões de euros), disse Mameesh, citado pela Reuters.

A agência noticiosa recorda que as receitas obtidas com o tráfego marítimo são uma fonte de receita fundamental para o país africano, principalmente desde 2011, quando a revolução contra Hosni Mubarak afugentou turistas e investidores. O actual canal representa anualmente cerca de cinco mil milhões de dólares (4,4 mil milhões de euros) em receitas. Já com a nova via, que permitirá a passagem de embarcações maiores, as receitas poderão crescer para 15 mil milhões de dólares (13 mil milhões de euros) em 2023, disse Mameesh.

As actividades de escavação e drenagem estarão concluídas a 15 de Julho, pelo que o novo canal ficará navegável, e em condições de começar a facturar, logo a 6 de Agosto, “assim que o presidente [Abdel Fattah] El-Sisi der ordem para isso”.

“Enquanto elemento fundamental para o comércio global, a zona do Canal do Suez permitirá acesso a 1,6 biliões de clientes de todo o mundo”, refere o comunicado divulgado neste sábado pela ACS.

Apesar de se concretizar sob a liderança do presidente Abdel Fattah El-Sisi (em funções desde Junho de 2014), o projecto de duplicar o canal marítimo surgiu ainda durante a governação de Hosni Mubarak, deposto em 2011. Foi depois retomado na gestão de Mohamed Morsi, entretanto afastado pelo golpe militar que entregou a liderança do país a El-Sisi.

O primeiro canal artificial, de 195 quilómetros, foi inaugurado em 1869, ligando Port Said, no Mar Mediterrâneo, a Suez, no Mar Vermelho, encurtando a distância nas viagens por mar entre a Europa e a Ásia. Com a construção de uma nova via, a expectativa é que o trânsito marítimo fique mais fluído e se encurtem também os tempos de espera pelas viagens. O novo e o velho canal estarão ligados por quatro canais menores.

“O novo Canal do Suez é mais do que uma nova via de navegação e um feito de engenharia, trata-se de um catalisador que irá impulsionar um sentimento de orgulho renovado e um futuro mais próspero para o povo egípcio”, afirmou, no comunicado da ACS, Mohab Mameesh.

A inauguração, nas margens do novo Canal do Suez, no próximo dia 6 de agosto, contará com uma gala que será liderada pelo presidente El-Sisi, na qual são esperados vários líderes mundiais.

 

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