INEM garante que emergência médica está assegurada
Técnicos recusam fazer turnos extra e marcaram vigília para este domingo à noite.
Todos os meios de emergência médica do INEM estarão operacionais em Lisboa entre as 8h e as 24h, assegura-se na nota.
"O INEM tem envidado todos os esforços no sentido de manter a qualidade, eficiência e rapidez de atendimento no serviço público que presta às populações apesar de se confrontar com alguns constrangimentos ao nível dos recursos humanos agravados pela orientação do Sindicato dos Técnicos de Ambulância de Emergência para que os seus associados não mostrassem disponibilidade para fazer horas extraordinárias pagas conforme legislação em vigor", afirma o instituto.
Segundo o INEM, "existem mesmo SMS que incentivam ao absentismo e ao abandono do serviço, depois de iniciado, através de mecanismos diversos e abundantemente sugeridos".
O instituto recorda que tais "comportamentos não podem ser tolerados na Administração Pública" por revelarem "falta de profissionalismo" que poderá colocar em risco o atendimento emergente.
Nesses casos, o INEM participará ao Ministério Público todos os que contribuam para "colocar em risco o socorro urgente a pessoas".
Os técnicos do INEM iniciaram às 24h de domingo uma vigília em frente à sede do instituto, em Lisboa, contra a degradação das condições de trabalho e a recusa de fazer turnos extra.
Várias dezenas de pessoas acorreram à convocatória do protesto, patrocinado pela Comissão de Trabalhadores do INEM.
Mesmo antes deste comunicado, Rui Gonçalves, Comissão de Trabalhadores (CT) do INEM, garantia que “o socorro em Lisboa está em causa”.
Na sexta-feira, o Sindicato dos Técnicos de Ambulância de Emergência (STAE) tinha alertado para uma "redução brutal" nas ambulâncias em Lisboa, colocando "em risco" o socorro do INEM, devido à recusa dos técnicos em fazer turnos extra.
Estes profissionais queixam-se da falta de pagamento de subsídios, de horas extraordinárias e de mais cortes no salário, recusando-se a fazer mais turnos, o que leva a que das 17 ambulâncias de Lisboa, dez possam ficar paradas ao fim-de-semana, segundo o sindicato.
A situação atinge o INEM em todo o país mas especialmente em Lisboa, explicou o presidente do STAE, Ricardo Rocha, acrescentando que há um ano que anda a alertar o Governo para a situação.
"O sindicato disse em Julho do ano passado que havia uma falta grave de técnicos mas só em Janeiro iniciaram a contratação de mais 85 técnicos, quando são precisos quase 250. O processo de recrutamento está no início e demora cerca de um ano", disse o responsável à Lusa, acrescentando que provavelmente só no início de 2016 os 85 técnicos estarão operacionais.
Sem técnicos, com um "elevado desgaste" dos que estão a trabalhar e com a aproximação do período de férias o sindicalista alerta para os perigos que tal representa para a população, e diz que os trabalhadores estão cansados de fazer turnos extra, de trabalhar "22 dias seguidos", pelo que depois de mais um corte salarial anunciado em Maio vão deixar de fazer esses turnos e deixar de socorrer.
"Em Lisboa, 40% dos turnos são assegurados por turnos extra. Vai começar a ser uma loucura", advertiu Ricardo Rocha, considerando que essa "loucura" é uma consequência dos cortes do Governo na área da saúde. No país são ao todo 900 técnicos, 200 deles em Lisboa, segundo os números de Ricardo Rocha, que disse que o sindicato apoia a decisão dos trabalhadores de se recusarem a fazer turnos extra.