Se Jesus está perto de assinar pelos “leões”, Marco Silva está próximo de deixar de ser treinador do Sporting. Sem chegar a acordo com a direcção de Bruno de Carvalho, o técnico foi informado durante a tarde desta quinta-feira do seu “processo de despedimento” que obrigará à instauração de um processo disciplinar, já que os “leões” invocam justa causa. Isto implica que Marco Silva não seja, ainda, um treinador livre.

Entretanto, surpreendido pela ida de Jesus para o Sporting, o Benfica anunciou ontem que encerrou as negociações para a renovação com o seu ex-técnico, procurando agora uma alternativa no mercado. Luís Filipe Vieira admitiu que ficou desiludido com a atitude e que vai agora procurar “um treinador de carácter”.

A transferência de Jesus para Alvalade implica valores consideráveis para os cofres sportinguistas, podendo representar um investimento anual superior a três milhões de euros em remunerações, que poderão chegar aos seis milhões, caso sejam atingidos determinados objectivos desportivos. Os “leões” desmentiram também nesta quinta-feira o eventual envolvimento do empresário angolano Álvaro Sobrinho, detentor da Holdimo — que é um dos accionistas de referência da SAD —, e de investidores da Guiné Equatorial para financiar a contratação de Jorge Jesus.

“O conselho de administração do Sporting Clube de Portugal, Futebol — SAD, vem repudiar de forma veemente todas as notícias hoje [ontem] publicadas e/ou difundidas dando conta da intervenção de entidades externas ao clube, nomeadamente de Álvaro Sobrinho e da Holdimo (tendo esta uma participação no capital social da sociedade de 29,9%), de investidores da Guiné Equatorial ou outros, em quaisquer negócios relativos à sua actividade, para além dos naturalmente decorrentes do seu estatuto de accionista”, garantiram, num comunicado a meio da tarde.

Folga financeira ajuda

Inegável é que a contratação de Jorge Jesus representa um reinvestimento do Sporting no seu futebol profissional, após duas temporadas de forte contenção de despesas. Resta agora saber se a chegada do novo técnico será secundada com uma aposta em novos reforços para o plantel principal. E se este investimento não irá colidir com os compromissos assumidos com a UEFA referentes ao fair play financeiro. Depois dos avultados prejuízos acumulados durante a gestão da direcção do anterior presidente Godinho Lopes, a SAD sportinguista apresentou um resultado positivo de 8,5 milhões de euros no final da temporada de 2013-14, e registou um lucro de 22,1 milhões de euros nos três primeiros trimestres desta época. Valores que permitem alguma folga financeira aos responsáveis “leoninos”, pelo menos para custear um treinador bastante caro para os padrões da equipa nos anos mais recentes.

Já o Benfica não reagiu bem às informações sobre a saída de Jorge Jesus, o técnico que mais títulos conquistou ao serviço dos “encarnados”, amealhando um total de dez durante as seis temporadas que passou no clube, incluindo três campeonatos nacionais. Ainda pela manhã, o director de comunicação, João Gabriel, demonstrou um pouco o estado de espírito dos responsáveis do clube da Luz, com algumas mensagens através da sua conta na rede social Twitter. “Sou grato a Jesus! Para o ano, vamos ter treinador comprometido com o Benfica e não apenas com o seu ego e conta bancária”, escreveu, prosseguindo no mesmo tom: “Sou grato a Jesus pela ingratidão que revelou. Mostrou que merecíamos mudar.”

Num tom mais oficial, ao final da tarde, a SAD benfiquista anunciou o encerramento das negociações com Jesus para uma eventual renovação, “em função das notícias veiculadas ontem e hoje [quarta e quinta-feira] relativamente a um possível compromisso com outra SAD”. Os responsáveis pelo futebol “encarnado” avançaram igualmente terem iniciado “conversações preliminares” para encontrar um substituto. Rui Vitória, técnico do V. Guimarães, era o nome que vinha sendo apontado como já tendo um compromisso com Vieira, mas o líder benfiquista negou-o nesta quinta-feira.