O futuro do São Luiz vai passar muito pela Europa, diz a nova directora

Aida Tavares apresentou a temporada para 2015-16. Internacionalização é a aposta da nova directora artística do São Luiz, em Lisboa.

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Susana Duarte, Aida Tavares e Catarina Vaz Pinto, vereadora da Cultura da Câmara de Lisboa Rui Gaudêncio
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Aida Tavares foi nomeada para a direcção do teatro em Janeiro Rui Gaudêncio

Depois de no último ano ter assumido a direcção do teatro interinamente, Aida Tavares, nomeada directora artística do São Luiz no início deste ano, deu agora a conhecer os seus projectos para o futuro. "2014 foi um ano difícil", diz. Um ano com uma “uma temporada de transição” que culmina agora com uma programação pensada a quatro anos, como deve ser.

“Fizemos algumas experiências e o balanço foi muito positivo”, explicou aos jornalistas a directora, revelando que o teatro registou um aumento de público e de receitas em 2014, o que permitiu um maior investimento na programação para a temporada 2015-16. “Chegámos a atingir quase 200 mil euros”, disse Aida Tavares sobre as receitas de bilheteira conseguidas no último ano com 63.535 espectadores, cerca de mais 15 mil do que em 2013.

Para a nova temporada, Aida Tavares mantém a aposta nas diferentes áreas das artes performativas, aumentando o número de espectáculos musicais. Márcia apresentará o seu novo disco, Quarto Crescente, no São Luiz a 25 de Setembro; a Brigada Victor Jara festejará no teatro os 40 anos de carreira; Gisela João terá em Dezembro três noites especiais; e Capicua fará uma pequena residência, com actividades para miúdos e graúdos.

Já em 2016, os Dead Combo têm concerto marcado para o dia 16 de Março, e volta ao teatro mais uma edição da Festa do Jazz do São Luiz.

O teatro é que marca, no entanto, o arranque da temporada, de 9 a 20 de Setembro, com Baile, espectáculo de Carla Maciel e Sara Carinhas que conta com música de Paulo Furtado e coreografia de Victor Hugo Pontes. Em Outubro, Clara Andermatt apresenta Fica no Singelo, uma abordagem contemporânea ao universo da dança e da música tradicional portuguesa. No final de cada espectáculo, de 2 a 4 de Outubro, segue-se um baile no qual o público é convidado a participar e a experimentar algumas das danças que inspiraram a peça.

De toda a programação, Aida Tavares destaca a aposta na internacionalização, assente em duas vertentes: “Uma é a programação internacional que chegará ao São Luiz, e a outra, um investimento enorme, nosso, na internacionalização de artistas portugueses”. O teatro municipal integrará em 2016 a Rede Europeia que está a ser criada pelo Théâtre de la Ville, em Paris, o que permitirá levar a palcos europeus alguns artistas portugueses. Fazem parte desta rede, além do São Luiz e do Théâtre de la Ville, o Festival Short Theater e o Teatro di Roma, em Itália, o Festival Dance Umbrella, em Londres, o TR Warszawa, em Varsóvia, o Festival de Teatro de Istambul e a Istambul Foundation for Culture and Arts, na Turquia, o Teatro Stadsschowburg, em Amesterdão, a Dansen Hus, em Estocolmo, o Centro Cultural Onassis, em Atenas, o Teatro Nacional da Croácia, em Zagreb, o Mess Fesival, em Sarajevo, e o Gorki Theater, em Berlim.

Segundo a directora artística, o São Luiz levará três artistas ou companhias a alguns destes palcos. O Teatro Praga, Noiserv e Victor Hugo Pontes são os três primeiros escolhidos. Ainda há datas a serem negociadas e espectáculos a serem preparados, mas é certo que os Praga se apresentarão primeiro em Istambul com um novo projecto, assim como Victor Hugo Pontes deverá apresentar-se em Londres e Noiserv desenvolverá um trabalho sobre o som das cidades.

Ao palco do São Luiz, vão chegar em 2017 alguns destes espectáculos. É, aliás, a partir desta data, que Aida Tavares considera que a internacionalização do teatro se fará mais notar, depois de um ano de trabalho.

Já este ano, no mês de Junho, o São Luiz terá na 6ª edição dos Chantiers d’Europe, organizado pelo Théâtre de la Ville, Gisela João, Noiserv e Hamlet pela Mala Voadora.

A parceria com o Maria Matos Teatro Municipal ganhará força com as noites Maria&Luís, depois do cartão com o mesmo nome e que dá descontos para os espectáculos nas duas salas ter sido um sucesso. “Queremos que haja uma relação programática”, continua Aida Tavares, voltando a reforçar a ideia de internacionalização. Neste caso, criando condições para os dois teatros municipais receberem projectos internacionais, como é o caso de Gala, de Jerôme Bel, e On the Concept of the Face, Regarding the Son of God, de Romeo Castellucci.

Destaque ainda para o Festival Shakespeare de Verão, que acontece de 11 a 24 de Julho do próximo ano, em parceria também com o Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa. “Vai abrir com um espectáculo internacional de rua e a restante programação acontece nas duas salas”, explica a directora.

Paralelamente, o teatro dá continuidade ao São Luiz Mais Novos, o projecto educativo iniciado no último ano, programado por Susana Duarte. Estão agendados concertos, workshops e peças de teatro. Durante toda a temporada, haverá pelo menos um espectáculo por mês. “Abrimos o leque de propostas”, diz Susana Duarte, destacando as oficinas programadas com a Mala Voadora e com Rui Catalão. “Queremos que as artes façam parte da vida das crianças como fazem da nossa.” 

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