A inflamação gótica dos Wildnorthe

Nas últimas semanas, dos videoclipes “adicionados” pelas pessoas na nossa plataforma vitaminada, surgiram alguns interessantes do chamado estilo performativo. Nos quais a atuação musical prevalece. De Mazgani, a realização competente de uma emocionante interpretação numa igreja. De Lotus Fever, uma sensível interpretação junto a um lago, incluindo personagens metafóricas, embora sem qualquer dramaturgia. No entanto, o destaque para este “Iron”, do duo Wildnorthe, serve para realçar o seu impacto visual. Porque, apesar da simplicidade cénica, a conjugação dos elementos visuais inflamam esta música gótica de um universo ardente, vívido, elegante e ritualista. Tal como já referimos aqui ou aqui, esta convencional vertente do género vídeo musical necessita de valores visuais que surpreendam para resultar agora na realidade comunicativa digital. Assim, a batida mecânica, as guitarras agrestes de Pedro Ferreira, os teclados ambientais e sombrios tem um contraponto intenso na voz pesarosa de Sara Inglês que fazem um todo frio e assombroso, mas ganha uma imagem marcante no trabalho vídeo de João P. Miranda e João Belém, explorando aqui o tema da perca de memória que a letra aborda com recurso a espelhos e à confrontação de figuras. Um bom motivo para ficar atento às próximas manifestações desta banda quando lançarem o Ep “Awe”.

 

Artigo escrito segundo o novo Acordo Ortográfico, a pedido do autor.