Professores de Português no Estrangeiro admitem voltar a fazer greve

Docentes dizem que estão a passar por grandes dificuldades na Suíça devido às perdas salariais que sofreram por mudanças nas políticas de câmbio.

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Professores no estrangeiro estão dispostos a fazer uma nova greve. Enric Vives Rubio

Na Suíça, a adesão à greve de sábado "ultrapassou os 50% e, em certas áreas consulares, como Zurique, na Alemanha, atingiu os 100%, mas nos outros países da Europa a adesão foi pontual até porque havia menos professores a trabalhar", disse à Lusa Teresa Duarte Soares, secretária-geral do SPCL.

Para aquela responsável, mais importante do que os números da adesão foi ter sido uma operação "bem-sucedida" tendo em conta "as tentativas de desmobilização e as ameaças" de que foram alvo alguns docentes.

"Os professores estão a perder o medo de lutar, apesar de ter havido tentativas de desmobilização e ameaças por parte da coordenação de ensino na Suíça, que telefonou às pessoas a dizer para não fazerem greve. Poderíamos ter tido uma adesão maior, mas muitos sentiram-se ameaçados", concluiu.

Teresa Duarte Soares disse que já recebeu feedback de docentes que "estão dispostos a voltar a reclamar e a fazer uma nova greve" até que a situação seja alterada.

O Banco Nacional Suíço (BNS) decidiu em Janeiro abolir a taxa de câmbio mínima do franco suíço face ao euro (1,20 francos por euro), em vigor desde Setembro de 2011 e eixo principal da política monetária suíça há mais de três anos, e baixou diversas taxas de juro.

Segundo os sindicatos, os professores do EPE estão a passar grandes dificuldades na Suíça devido a esta medida, já que as perdas salariais devido ao câmbio entre euro e franco suíço chegam até aos 20%.

"Houve uma fortíssima adesão à greve dos professores na Suíça, país onde, devido à desvalorização do euro, os vencimentos ficaram de tal forma reduzidos que tornaram impossível aos docentes fazer face às despesas mais básicas. O vencimento médio atual de um professor de Língua e Cultura Portuguesas na Suíça é de 2.400 francos, inferior ao salário mínimo do país, que ronda os 2.700", lamentou.

O Conselho de Ministros aprovou na quinta-feira um mecanismo extraordinário de correção cambial às remunerações e abonos dos trabalhadores das diferentes carreiras do Ministério dos Negócios Estrangeiros em funções nos serviços periféricos externos, e aos coordenadores, adjuntos de coordenação e docentes integrados na rede do EPE.

Esta decisão, segundo o Governo, teve como objetivo corrigir os efeitos conjunturais da desvalorização do euro, que tem provocado um forte impacto negativo nas remunerações e abonos daqueles trabalhadores.

"Neste mecanismo, o factor de correção é absolutamente insuficiente para o caso da Suíça e também muito pouco para o Reino Unido", indicou Teresa Duarte Soares, lembrando que os professor suiço ganha cerca de cinco mil francos.