Louis Vuitton premeia designers portugueses Marques Almeida

Escolhidos por um júri que inclui Lagerfeld, Marc Jacobs ou Phoebe Philo, receberão 300 mil euros e acompanhamento técnico de um dos maiores grupos de luxo do mundo.

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Paulo Almeida e Marta Marques têm tido um percurso de crescimento constante LVMH

Sexta-feira em Paris, a dupla portuguesa inspirada pela década de 1990 e com uma estética marcada pelo início dos anos 2000 foi premiada por um júri de luxo e mostrou os habituais agradecimentos e emoção. Incrédulos e gratos, reflectiram sobre “uma enorme honra, vinda deste painel de jurados”. “São pessoas que sempre admirámos. É ainda mais especial saber que foram eles que nos escolheram”, disse Marta Marques, citada pela imprensa internacional, depois de receber o galardão das mãos da actriz Natalie Portman.

O júri alargado e o especializado do prémio revela também a sua importância — a crítica de moda Cathy Horyn, responsáveis de grandes armazéns como o Bergdorf Goodman ou o Saks ou de sites de vendas como o Net-a-Porter, numa primeira fase, e os nove directores criativos das principais casas e marcas de moda do grupo. Karl Lagerfeld (Chanel), Marc Jacobs, Nicolas Ghesquière (Vuitton), Raf Simons (Dior), Phoebe Philo (Céline), Riccardo Tisci (Givenchy), Jonathan Anderson (Loewe) e Humberto Leon e Carol Lim (Opening Ceremony e Kenzo) na grande final.

O processo de selecção para este prémio, que vive este ano apenas a sua segunda edição mas que se reveste da importância que tem o “selo de aprovação” do grupo Louis Vuitton-Moet Hennessy, decorre desde Fevereiro e os Marques Almeida foram sempre os únicos portugueses no rol de seleccionados. De cerca de mil candidaturas, foram escolhidos 25 semifinalistas e, depois, oito finalistas.

Sempre a crescer
A marca da dupla, que também já se apresentou na ModaLisboa, é conhecida pelo seu trabalho com ganga e pela atmosfera urbana das suas colecções, que cedo interessaram lojas conceptuais de prestígio como a Opening Ceremony ou a Joyce e estrelas como a cantora Rihanna. A presidente do prémio, Delphine Arnault, detalhou que a dupla portuguesa que trabalha a partir de Londres “impressionou o júri com a sua perícia técnica e abordagem única ao trabalho com a cor e a textura”. Além do prémio pecuniário, durante um ano os designers portugueses vão ter acesso a aconselhamento técnico, financeiro e acesso à experiência do gigante do luxo na produção e distribuição.

Os Marques Almeida têm tido um percurso de crescimento constante, em grande parte sustentado pelo estudo em Portugal no CITEX e, depois, em Londres, na conceituada Central Saint Martins sob a égide da professora Louise Wilson — uma figura tutelar da moda britânica que morreu em Fevereiro. Mas também por outro momento de mentoria, o apoio do British Fashion Council.

Presentes no calendário da plataforma New Gen na Semana de Moda de Londres, onde apresentam as suas colecções desde o final de 2012, Marta Marques e Paulo Almeida desenharam em 2014 uma colecção-cápsula muito popular para a loja de moda rápida Topshop e, menos de cinco anos depois de terem fundado a sua marca em Londres, receberam o prémio de Emerging Womenswear Designer nos British Fashion Awards do British Fashion Council, organização profissional que visa promover o design de moda britânico e que os apoia financeira e estrategicamente.

Em Outubro, Paulo Almeida explicava ao PÚBLICO que a mentoria se trata de um elemento em falta na moda portuguesa. “É preciso todo um trabalho de mentoring que trabalhe com os criadores — Londres é especialista em vender ideias e criatividade — e também a parte financeira, de vendas, garantindo que há um plano de negócios, aconselhando os espaços de venda certos para a marca crescer e se tornar relevante.”

 

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