Projecto social em Cascais concorre a prémio mundial
Organização Presseley Ridge quer criar uma padaria num meio social desfavorecido, para diminuir o desemprego e promover a inclusão social.
Em fase de preparação, o projecto vai possibilitar estágios profissionais e terá um método pedagógico e criativo para crianças, explicou uma responsável, Kátia Almeida, à Lusa. "Como trabalhamos com as comunidades e com as famílias, ao longo destes últimos anos, principalmente, demo-nos conta de que os problemas dos miúdos se têm agravado consideravelmente" em zonas mais desfavorecidas, afirmou.
A organização aponta o desemprego, o abandono e o absentismo escolar como algumas das causas da pobreza infantil e delineou um projecto que já venceu um prémio europeu de 60 mil euros atribuído por uma instituição bancária. Este projeto aposta na criação de uma padaria de baixo custo, instalada num "meio desfavorecido" e numa linha gourmet para restaurantes e lojas especializadas.
A escolha da padaria deveu-se à observação de que nos casos de pobreza extrema "o pão é dos bens de consumo que as pessoas tentam garantir em casa: é acessível, é barato e alimenta". Nos locais onde a organização trabalha há "falta de respostas de proximidade, como a padaria", acrescentou Kátia Almeida.
Ao longo dos três anos de desenvolvimento do projeto, a Presseley Ridge notou também que há bastante oferta para formar pessoas na área da panificação e restauração. A padaria Pão com História irá receber pessoas formadas e proporcionar um estágio, que deverá ser de seis meses, com a perspectiva de enviar 30 pessoas para o mercado de trabalho no primeiro ano.
"O nosso sonho é que daqui a alguns anos, o facto de virem da padaria Pão com História seja quase como um certificado de qualidade para os locais onde as pessoas vão a seguir", afirmou. A padaria também terá o "clube de miúdos" para aplicar "métodos de aprendizagem com métodos essencialmente lúdicos e activos".
"Os miúdos que frequentam este espaço vão contribuir para as histórias que o pão vai contar", explicou a responsável, ao referir que os escritos dos pequenos irão acompanhar os pães da linha gourmet. Já feitas estão histórias sobre o pão com urtigas e o pão com abóbora.
"A nossa visão para este 'casamento' entre a parte dos miúdos e a padaria é que ao estarem a desenvolver o pensamento criativo e a criar alguma coisa com valor e visibilidade, eles vão acreditar em si", resumiu a responsável, frisando que os jovens se devem manter na escola e com um "propósito face ao seu futuro".
A organização está a escolher o melhor espaço para abrir portas no concelho de Cascais, onde tem implementados dois projectos. Com uma estimativa de auto-sustentabilidade no prazo de um ano, Kátia Almeida referiu serem necessários cerca de 160 mil euros iniciais para arrancar com o projecto.
As votações para o Prémio Especial dos 325 anos do Barclays, lançado para apoiar projectos sociais em todo o mundo decorrem até 3 de Junho e o projecto português pode ser apoiado em https://www.peoplesvote.barclays.com/europe/.