Eis o primeiro espresso italiano tirado no espaço

Já se bebia café em órbita, mas agora é um verdadeiro expresso italiano. A Lavazza desenhou uma máquina especial para a Estação Espacial Internacional (ISS) e chamou-lhe ISSpresso.

Samantha Cristoforetti bebeu o primeiro café italiano no espaço
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Samantha Cristoforetti bebeu o primeiro café italiano no espaço Samantha Cristoforetti/AEI
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A ISSpresso Lavazza
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A máquina usa cápsulas normais da marca Lavazza
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A água e o café são inseridos e extraídos da máquina com a ajuda de saquetas de plástico Lavazza
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A ISSpresso pesa entre 20 e 25 quilos Lavazza

Dia 3 de Maio de 2015 ficou na história da exploração espacial e na história do consumo de café italiano. Foi o dia em que culminaram 18 meses de trabalho da Lavazza, da também italiana Argotec (fornecedora de refeições para consumo no espaço e especializada no design de sistemas aeroespaciais) e da Agência Espacial Italiana (AEI). Uma máquina de café desenhada para o espaço, baptizada como ISSpresso para juntar o nome do produto, o café “espresso” italiano e a sigla em inglês da Estação Espacial Internacional (EEI, ou International Space Station) onde foi instalada, capaz de tirar café italiano em condições de microgravidade.

A partir das mesmas cápsulas da marca italiana que são usadas com os pés bem assentes na Terra, foi então feito o primeiro expresso – isto porque já se bebia café no espaço, mas não genuinamente italiano, como assinala a Lavazza, orgulhosa do seu feito e da imagem partilhada por Cristoforetti e pela NASA no Twitter da primeira mulher italiana no espaço a beber a primeira bica italiana em órbita. Não há, porém, uma chávena bonita a envolver o líquido castanho escuro e sua espuma creme – uma saqueta de plástico transparente com uma palhinha faz as vezes da porcelana branca do costume.

A máquina será um prodígio da engenharia e do design de equipamento para situações extremas, mas não é um prodígio do design italiano no que ao invólucro concerne: não foi feita para ser bela, mas sim funcional. Afinal, o design é também uma disciplina que se dedica a resolver problemas e a deslindar busílis. “Todos os componentes essenciais são redundantes por motivos de segurança, tal como é exigido pelas especificações da AEI”, justifica a Lavazza em comunicado sobre a máquina que pesa entre 20 e 25 kg.

As cápsulas são as mesmas, o circuito é similar, mas muita pesquisa foi feita em torno da dinâmica de fluidos no ambiente espacial, muito diferente da da superfície terrestre. Tudo para resolver o problema essencial que é a gestão de líquidos no espaço, especialmente quando é necessário pensar na alta pressão e nas temperaturas muito elevadas envolvidas na feitura de um café – a pressurização da estação espacial permite que a temperatura a que se ferve o café seja a mesma. Até a possibilidade de sentir o aroma do café acabado de fazer foi pensada.

Como se faz então um café italiano no espaço? “Não é fácil”, admite a Lavazza. Primeiro, uma astronauta instala a máquina – e este processo era mesmo uma das nove experiências previstas pela AEI para a Missão Futura em que se integra Samantha Cristoforetti. Uma embalagem com água é inserida na máquina, o líquido é aspirado para o seu interior e aquecido. Insere-se a cápsula no topo da máquina e carrega-se no botão, claro está, e o café é servido através de um novo sistema em que o tubo de plástico terrestre que fornece a água quente é substituído por um de aço que suporta elevadas pressões. Depois de aquecida, a água passa por um novo sistema que a aspira e pressuriza até a verter na saqueta de plástico – que a Lavazza descreve como “chávena de expresso espacial” – encimada por um tubo ou palha que permite não só o seu consumo mas também sentir o cheiro do café.

A ISSpresso também faz café lungo – um expresso a que se acrescenta mais água numa segunda etapa da confecção –, chás e aquece água ou caldos para desidratar alimentos no espaço. Este projecto, defende em comunicado Roberto Battiston, presidente da AEI, “terá benefícios psicológicos imediatos para os astronautas” e “melhorou o nosso conhecimento sobre a dinâmica de fluidos”, completou o director da Argotec, David Avino.

Lá em cima, Samantha Cristoforetti resume tudo com humor. “Café: a melhor suspensão orgânica alguma vez inventada”, brincou no Twitter a astronauta italiana. “Um expresso acabado de fazer na nova chávena Zero-G [ravidade]”, prosseguiu, fazendo ainda alusão à frase-lema de Star TrekTo boldly go where no man has gone before” adaptando-a à arte da infusão rematando o seu tweet com “To boldly brew…”. 

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