Como evitar ganhar peso no primeiro ano da universidade?

As residências universitárias podem ajudar a promover melhores hábitos alimentares, defende o Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável.

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Foi a pensar nisso que o Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da Direcção Geral de Saúde criou as Linhas de Orientação para a Oferta Alimentar em Residências Universitárias.

“A ansiedade, o stress e o facto de muitos dos estudantes universitários estarem longe de casa e afastados das suas rotinas alimentares e de actividade física” são, segundo o documento, factores que levam a um estilo de vida menos saudável e a um risco acrescido de problemas de saúde mais tarde na vida.

Pedro Graça, responsável pelo Programa, explica ao PÚBLICO que nos Estados Unidos existem vários estudos sobre o fenómeno genericamente conhecido como Freshman 15 (o número indica o peso que é ganho nesse primeiro ano em libras, e que corresponderá a 5 ou 6 quilos). Em Portugal não existe um estudo específico sobre a população universitária, mas os dados disponíveis sobre pré-obesidade e obesidade mostram que “houve um aumento [de ambas] na faixa etária dos 18 aos 24, entre 1998/9 e 2005/6”.

Por outro lado, ainda segundo o documento, há estudos que sugerem que “os hábitos alimentares dos estudantes do ensino superior são desequilibrados com consumos elevados de carne, gordura, cereais, bolachas, alimentos de tipo fast-food e ricos em açúcar, não atingindo as recomendações no que diz respeito aos produtos lácteos, pescado, fruta, hortícolas e legumeninosas”.

As residências universitárias constituem, afirma Pedro Graça, espaços ideais para se começar a atacar este problema. “Os estudantes universitários são pessoas que estão a ter uma formação na qual a sociedade investe muito dinheiro. Deveriam ser preparados também para preservar a sua saúde.” Lamenta por isso que a preocupação com a alimentação “não seja tida em conta na política estratégica das universidades”.

E que propostas apresenta este documento? Trata-se de uma estratégia com várias áreas de intervenção. Em primeiro lugar, sensibilizar e alertar os estudantes, através de campanhas (eventualmente online para maior eficácia), para estas questões. Mas também ajudá-los a adquirir “competências culinárias básicas”.

Uma boa forma de o fazer é através de workshops. Pedro Graça cita o exemplo dos que são organizados pela Faculdade de Ciências da Alimentação e Nutrição da Universidade do Porto, “que têm despertado muito interesse dos estudantes, sendo que os de cozinha vegetariana, por exemplo, têm sempre sala cheia”. Também os alunos estrangeiros demonstram vontade de aprender mais sobre cozinha portuguesa, o que, diz o responsável, representa uma oportunidade que deve ser aproveitada, eventualmente com colaborações com as Escolas de Hotelaria para a organização de iniciativas.  

Outro factor importante é garantir a existência nas residências universitárias de “locais que permitam a confecção de refeições, bem como o seu consumo”. Preparar refeições e tomá-las em conjunto ajuda a ter um padrão alimentar mais saudável, sublinha o documento, que refere também a necessidade de haver espaços de armazenamento, frigoríficos e outros equipamentos.

Propõe-se também que as residências universitárias regulem a venda de alimentos quer nas máquinas de venda automática quer nos bares ou outros serviços concessionados que possam existir, não disponibilizando snacks hipercalóricos e promovendo alimentos saudáveis, como fruta, lacticínios, cereais simples e muita água.  

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