Christopher Marinello: o Sherlock Holmes do mundo da arte

Ao longo da sua carreira o advogado terá recuperado para os seus clientes obras no valor de 300 milhões de euros.

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Christopher Marinello DR

É “um dos mais importantes especialistas mundiais na recuperação e restituição de obras de arte, ajudando a resolver tanto roubos contemporâneos como espoliações da II Guerra Mundial perpetradas pelos Nazis”, escreve a publicação especializada “ArtNet” num perfil de Novembro de 2014.

Na altura, Marinello já tinha deixado a conhecida firma nova-iorquina Art Loss Register, onde fora conselheiro geral durante sete anos. Ao saber da sua saída, em Setembro de 2013, o New York Times deu-o como “um funcionário-chave” e “um dos rostos mais públicos” da empresa. Marinello mudou-se para Londres e fundou uma concorrente: a Art Recovery International. Foi já na sua própria empresa que se tornou representante dos herdeiros do conhecido coleccionador de arte parisiense Paul Rosenberg no “caso Gurlitt”.

Foi o caso das 1400 obras de arte encontradas em 2012 no hoje famoso apartamento de Munique de Cornelius Gurlitt, filho e herdeiro de Hildebrand Gurlitt, um comerciante de arte do III Reich que negociou e guardou para si milhões em obras espoliadas pelo regime. Só no apartamento de Munique havia obras de Picasso, Renoir, Monet, Delacroix, Courbet, Dürer, Canaletto... Estava lá também o Matisse de 1921 que Marinello conseguiu fazer regressar à família Rosenberg.

Foi a primeiríssima restituição de todo o caso, feita em Novembro do ano passado, quando Marinello tinha o “dossier Crivelli” em mãos há já quase um ano.

Segundo o perfil da “ArtNet”, “Femme assise dans un fauteuil” foi apenas “um de cinco ou seis” Matisse que Marinello ajudou a recuperar na sua carreira. Houve também “Profil bleu devant la cheminée”, de 1937.

“Profil bleu” foi mais uma das 162 obras de Paul Rosenberg de que o regime Nazi se apropriou em 1941, na altura da fuga do coleccionador com a família para os Estados Unidos. Ao contrário de “Femme assise”, que terá permanecido sempre na Alemanha, “Profil bleu…” mudou várias vezes de mãos e chegou à Noruega em 1961. Entrou nessa altura para a colecção do Centro de Artes Henie Onstad, fundado pelo magnata Niels Onstad e a sua mulher Sonja Henie.

Durante anos, a família Rosenberg tinha tentado localizar esta obra avaliada em 20 milhões de dólares (17,6 milhões de euros). Marinello conseguiu a localização e restituição também no ano passado.

Para sublinhar a rapidez e eficácia deste especialista a “ArtNet” refere que, em Praga, a empresa deste investigador e negociador precisou de apenas duas semanas para localizar e ter de volta uma fotografia roubada de um museu.

Em todos esses casos, tal como agora face ao “dossier Crivelli”, Marinello recusou discutir em detalhe a questão financeira. Numa entrevista sobre os Matisse dos Rosenberg ao “Il Sole 24 hore”, um jornal italiano especializado em economia, explicou: “O verdadeiro valor destes trabalhos reside na oportunidade de a família recuperar o seu passado.”

Na mesma entrevista foi questionado sobre porque decidira deixar a Art Loss Register e fundar a sua própria empresa: “O mercado precisa desesperadamente de uma base de dados central de obras de arte roubadas, saqueadas e reclamadas que seja gerida de forma ética e responsável.”

Ao PÚBLICO Marinello refere por duas vezes que oferece trabalho “pro bono” a artistas, organizações sem fins lucrativos e alguns casos museus.

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