PSD e CDS não concorrem coligados na Madeira e Açores

Maioria admite antecipar apoio ao candidato presidencial para antes das legislativas.

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Nuno Ferreira Santos

No acordo assinado no passado sábado pelos dois líderes do PSD e CDS, Passos Coelho e Paulo Portas respectivamente, e esta quarta-feira apresentado aos órgãos do PSD e CDS, está estipulado o respeito pelas autonomias regionais. Ao que o PÚBLICO apurou, o PSD-Madeira defende que deve haver uma lista de deputados em separado da apresentada pelo CDS. E o argumento é a AD de 1979 em que isso aconteceu. A posição do PSD-Madeira foi transmitida pelo deputado Guilherme Silva (em substituição de Miguel Albuquerque) à Comissão Política Nacional do PSD. Nas últimas legislativas, em 2011, o PSD-Madeira elegeu 6 deputados e o CDS-Madeira elegeu um.

No caso dos Açores, as listas também devem ser separadas, ao que o PÚBLICO apurou. Ainda esta quarta-feira, o social-democrata Mota Amaral (eleito pelos Açores) defendeu que PSD e CDS deveriam ir sozinhos às legislativas.

Apesar de as ilhas representarem a excepção nacional ao entendimento dos dois partidos, a Comissão Política Nacional do PSD e do CDS aprovaram a proposta de coligação para as legislativas e candidato único para Belém. Mas se no texto de sábado, assinado pelos dois líderes, se lia o apoio a um candidato único a Presidente após as legislativas, no documento também apreciado esta quarta-feira acrescentou-se o “preferencialmente”. Os dois partidos não fecham assim a porta a acelerar as presidenciais, que nos dois partidos oficialmente foram sempre remetidas para depois das legislativas.

Portas, o cabeça de lista?
Do lado do CDS, o vice-presidente da Comissão Política Nacional, Nuno Melo, veio garantir que o partido não fez exigências de cabeça-de-lista. As listas vão ser formadas à luz dos resultados eleitorais de 2011, distrito a distrito.

Os centristas admitem que só Paulo Portas venha a ser cabeça de lista. No acordo de 1999, com o PSD de Marcelo Rebelo de Sousa, que acabou por ruir antes das eleições, Portas deveria ser o número dois de Marcelo, independentemente do círculo eleitoral.

Nuno Melo garantiu aos jornalistas que o CDS não fez “em nenhuma circunstância”, nas negociações para a coligação, qualquer exigência relativa a cabeças-de-lista para as próximas eleições legislativas. “O critério é institucional e é objectivo, baseia-se no que sucedeu nas eleições legislativas precedentes”, afirmou. Esta posição causa algum receio entre os sociais-democratas que temem que os centristas prefiram os lugares de fronteira entre o elegível e o que tem risco de não ser.

Sob fogo cruzado estarão os distritos em que o CDS obteve bons resultados em 2011 como foi o caso de Lisboa e de Setúbal. Mais difíceis para os centristas serão os círculos que em 2011 não elegeram nenhum deputado como é o caso de Vila Real.

Tanto no CDS como no PSD o tom dos discursos oficiais foi de tentar mostrar a força da coligação. Marco António Costa, vice-presidente do PSD, não quis responder ao desfecho da coligação em cenário de derrota eleitoral. Nuno Melo, por seu turno, afirmou que “a coligação é feita de convicção”. E anteviu a falta de unanimidade no Conselho Nacional: o CDS é um partido “democrático” e que “unanimismos são coisas estranhas”.

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