Portas seguro de que Portugal crescerá “bem acima de 2%” nos próximos anos

Vice-primeiro-ministro prefere apostar numa previsão "prudente" e diz que a economia portuguesa irá recuperar 1,6% em 2015.

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Paulo Portas foi contratado pela Mota-Engil Nuno Ferreira Santos

O governante, que enumerava os indicadores que “não são de direita nem de esquerda” e que ajudam a perceber a “transição para um cenário de crescimento económico” que o país está a fazer depois de ter vivido um período de “protectorado” e “vexame”, realçou as previsões do Governo e de algumas entidades sobre os níveis de crescimento futuros de Portugal.

Falando sobre o aumento dos níveis de confiança dos consumidores (no ponto mais alto desde 2002) e dos investidores (acima de 2008), Paulo Portas avisou que “todos os decisores políticos devem ter a prudência e a inteligência de proteger este momento de confiança sejam quais forem as opções que democraticamente os portugueses vierem a fazer.”

“A discussão que hoje se tem em Portugal é saber se em 2015 vamos crescer 1,5% - já ninguém jura por esse número -, 1,6% - é a previsão cautelosa do Governo -, ou até 2% como a Universidade Católica acaba de prever, na casa dos 2%”, enumerou.

Afirmando que prefere ser desmentido por uma realidade mais optimista, Portas disse achar “preferível que as entidades públicas façam previsões com prudência” e por isso garantiu que Portugal “não crescerá abaixo de 1,6% mas é possível que a aceleração do crescimento este ano nos aproxime de valores mais altos”.

Mas Portas mostra-se bastante confiante para o futuro: “O que é certo e seguro é que Portugal crescerá nos próximos anos bem acima dos 2%.” Para isso, avisa, é preciso fazer ao mesmo tempo pelo menos três coisas: “Criação líquida de emprego, moderação fiscal e [redução do] serviço da dívida.” Só com este triângulo se consegue um crescimento sustentável.

“É absolutamente líquido que ficam lá para trás os anos de chumbo da recessão económica”, defendeu o número dois do Governo, que vincou que os países que tiveram processos de ajustamento e fizeram reformas estruturais são os que têm “melhores perspectivas de crescimento” na zona euro, que se mantém, em média, com um crescimento “bastante anémico”. Os países “exemplares” são, nas suas palavras, Portugal, Irlanda e Espanha.

Sobre o programa de ajustamento, Paulo Portas defendeu que a troika “saiu quando tinha que sair”, mas agora é preciso fazer o que chamou de “segunda etapa” - “libertar Portugal do procedimento por défice excessivo”.

A mesma ideia era repetida um par de horas mais tarde pelo primeiro-ministro, numa visita a Estremoz. Pedro Passos Coelho afirmou que o país vai sair este ano do procedimento. “Registaremos um défice inferior a 3%”, garantiu, adiantando que só não o fez antes por causa dos juros que tem que pagar e avisou ser “muito importante” que o país “prossiga um caminho de desendividamento”.

Numa intervenção em que replicou o argumentário que tem usado nos últimos meses em diversas aparições públicas, Paulo Portas falou sobre a história da economia portuguesa dos últimos quatro anos, sobre as dificuldades dos portugueses, os êxitos do Governo, com enfoque no desempenho de sectores que têm responsáveis do CDS-PP à frente dos ministérios e secretarias, como a agricultura, o turismo e as exportações (que valem 41% do PIB).

Aproveitou o facto de ter na plateia diplomatas e empresários de duas dezenas de países para pintar o quadro paradisíaco de Portugal. Um país com um “mix extraordinário de sol,  praia, oceano, surf, gambling, shopping, gastronomia, património, história, cultura, mundos e bairros alternativos, fenómenos religiosos, segurança, boas vias de acesso e uma extraordinária capacidade de comunicação e acesso a línguas”.

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