O PS e o milagre da multiplicação

Estou convicto de que nem o mais crente dos portugueses acreditará num cenário tão edílico

— Em segundo lugar, o Partido Socialista tenta realizar mais um número de ilusionismo orçamental, uma verdadeira quadratura do círculo, cujos resultados, os portugueses já sabem quais são: descontrolo orçamental, dívida pública exponencial e regresso das ‘nuvens negras’ ao futuro colectivo dos portugueses.

É de realçar que, no cenário apresentado, reconhece-se que as estimativas projectadas pela Comissão Europeia para o crescimento económico em Portugal são credíveis. Ou seja, é o reconhecimento de que hoje existe um ciclo de crescimento económico virtuoso em Portugal e que esse crescimento não é nenhuma falácia do Governo.

Mas, verdadeiramente preocupante para todos os portugueses, é o número de ilusionismo orçamental tentado pelo Partido Socialista. Num resumo executivo às medidas apresentadas, podemos dizer que o PS propõe: baixar receitas públicas, aumentar despesas, manter as metas orçamentais acordadas e ainda, aumentar o investimento e diminuir drasticamente o desemprego. Sumariamente, o PS propõe-se dar tudo a todos, rapidamente, sem sacrifícios, numa verdadeira aplicação prática do milagre da multiplicação dos pães.

O conjunto de promessas é vasto, significativo e para todos os gostos. Ao nível da redução de receitas, promete-se reduzir o IVA da restauração e diminuir a TSU dos trabalhadores. Quando presentemente se fala, e bem, de problemas de sustentabilidade da Segurança Social, propor uma medida desta grandeza é, no mínimo, irresponsável. Mas descansem aqueles expansionistas orçamentais que preferem o aumento da despesa à redução da receita. Neste campo existem vastas propostas como: a eliminação da sobretaxa de IRS, a reposição dos salários da função pública a ritmo acelerado, a reposição dos níveis de apoio do RSI, CSI e abono de família, e a criação de um novo subsídio, designado ‘complemento salarial anual’, que não é mais do que um RSI para quem trabalha. E todas estas medidas sem qualquer impacto orçamental. Notável, mas enganoso.

Enfim, acredite quem quiser. Eu pessoalmente estou convicto de que nem o mais crente dos portugueses acreditará num cenário tão edílico, e sobretudo tenho a certeza de que os portugueses não quererão desperdiçar todos os sacrifícios que realizaram desde 2011.

Economista, deputado do PSD

 

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