Orlando Cruz: de militante do CDS a candidato das “injustiças sociais”
Candidata-se pela terceira vez à Presidência da República e acredita que agora vai ser possível ir a votos. A recolha de assinaturas está na rua para a candidatura e para a legalização do Partido Esperança Popular.
Uma semana depois de ter tornada pública a sua candidatura, o candidato, engenheiro técnico de profissão mas que nunca exerceu, esteve esta segunda-feira à tarde, na zona da Boavista, no Porto, a reunir assinaturas para a candidatura a Belém e, simultaneamente, para a legalização do Partido Esperança Popular. Cruz pretende que o PEP seja oficialmente formalizado no mesmo dia em que Cruz entregar assinaturas para poder concorrer às presidenciais de 2016.
Ainda sem apoios financeiros garantidos, o ex-candidato à Câmara de Matosinhos pelo Partido Trabalhista Português quer aproveitar este palco para denunciar as injustiças que são praticadas contra os mais indefesos e desprotegidos que vivem de forma precária.
Numa conversa com o PÚBLICO a meio da tarde desta segunda-feira quando se preparava para dar início à recolha de assinaturas, o candidato declarou-se como sendo uma pessoa “humanista” e confessou que não se arrepende de ter abandonado o CDS. Aliás, a sua desfiliação acontece quando Paulo Portas assume a presidência do partido, sucedendo a Manuel Monteiro. “Hoje já não sou de direita”, afirma, revelando “estar mais próximo” do líder do PCP, Jerónimo de Sousa.
Actualmente é escritor, mas Orlando Cruz já fez muitas outras cosias na vida, desde taxista a motorista de camiões de longo curso. Na Catalunha, foi proprietário na área da restauração, tendo explorado dois restaurantes, que acabariam por fechar.
Natural de Leça do Balio, concelho de Matosinhos, Orlando Cruz repartiu a sua vida ao longo dos seus 63 anos por sete países. O candidato presidencial juntou-se ao princípio da noite a um grupo de sem-abrigo, que, diariamente, àquela hora, comem uma refeição quente. Para além do contacto com os sem-abrigo, pretendia passar a noite na companhia daqueles que deixaram de ter casa, dormindo na rua. À hora que o PÚBLICO falou com Orlando Cruz já tinha já reservado um espaço na Rua de Júlio Dinis, na Boavista, para dormir. Encostados à parede havia cobertores enrolados escondidos por caixas de papelão desdobradas.
“Vou dormir à beira deles, porque se não o fizesse a minha acção não fazia sentido”, declarou, acrescentando que “pouca gente tem coragem de se juntar aos sem-abrigo e dormir onde eles dormem”. “Esta acção tem um carácter humanitário. Os sem-abrigo de hoje são pessoas muito diferentes do que eram os sem-abrigo de há 20 ou 30 anos”, diz, apontando que muitos deles “são pessoas com cultura” e que hoje estão nesta situação, porque, muitos, ficaram desempregados, sem condições para pagar os seus compromissos, as suas casas.