PCP e BE questionam Governo sobre mulheres forçadas a provar que amamentam
"Numa altura em que se diz que se estão a discutir as questões da natalidade assiste-se a esta matéria que é profundamente discriminatória", diz deputado do PCP. Ministro diz desconhecer a prática.
“Parece inacreditável não é? Numa altura em que se diz que se estão a discutir as questões da natalidade assiste-se a esta matéria que é profundamente discriminatória e que é um comportamento inaceitável. O PCP vai questionar o Governo, nos próximos dias, na Assembleia da República, porque naturalmente a administração responde ao Ministério da Saúde”, afirmou o deputado à Lusa no final de um almoço comemorativo dos 41 anos do 25 de Abril, em Gondomar. O ministro da Saúde, Paulo Macedo, disse este sábado não conhecer a metodologia aplicada por dois hospitais do Porto.
“É urgente que o ministro da Saúde esclareça o que aconteceu e garanta que não se repete”, frisou, por seu lado, Catarina Martins, em Espinho, à margem de uma arruada contra a austeridade. "O problema dos hospitais públicos não exige alteração da lei, exige uma alteração de Governo, porque este já deu provas de que, quando chega à saúde e aos direitos do trabalho, não é um Governo capaz e não age de boa-fé”, frisou.
Paulo Macedo disse: "Nós não demos quaisquer orientações nesse domínio e não tenho conhecimento de qual é a metodologia", cita a Lusa. O governante foi questionado pelos jornalistas após a sua intervenção na sessão inaugural do 36.º Congresso Português de Cardiologia que decorre em Albufeira até 21 de abril.
O PÚBLICO noticiou neste sábado que duas enfermeiras, uma do Hospital de Santo António e outra do São João, ambos no Porto, se queixam de terem tido de comprovar às entidades laborais que estavam a amamentar espremendo leite das mamas em frente a médicos de saúde ocupacional.
“Esta desconfiança e esta forma de tratar as pessoas é, na nossa opinião, inaceitável e nesse sentido iremos questionar e exigir que se tirem as conclusões necessárias e se apurem as responsabilidades [sobre] quem é que tomou este tipo de decisões que são ofensivas para as mulheres em causa”, afirmou o deputado comunista.
A Assembleia da República discutiu na quarta-feira dezenas de propostas da maioria e da oposição para a promoção da natalidade, num debate temático proposto pelo BE relativamente ao qual PSD e CDS-PP admitiram viabilizar iniciativas da oposição.
Maioria e oposição consideraram a questão da quebra de nascimentos importante, mas o debate acabou por se transformar numa discussão sobre as políticas, sobretudo sociais, do Governo. Catarina Martins notou que as pessoas querem, mas não têm filhos, porque não têm emprego, “porque as suas vidas profissionais são cada vez mais precárias” e as expectativas não permitem decidir ser pais.
Notícia acrescentada às 19h27 com declarações do ministro da Saúde.