Costa acusa Governo de fomentar a “luta, a guerra e o conflito”

Dirigente socialista teve casa cheia no comício no Porto. Declarou que há quem queira "empurrar" o partido para coligações, mas - sublinhou -"o PS não é um partido de aviário feito à última da hora”

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Aplaudido muitas vezes, o líder socialista voltou a acusar o Governo de ter falhado e de “ter aumentado a dívida pública, empobrecendo o país” Manuel Roberto

 “Não podermos continuar a ter um Governo que fomenta a luta, a guerra e conflito entre tudo e todos”, declarou o sectário-geral dos socialistas este domingo num comício no Teatro Rivoli, no Porto, onde voltou a pedir uma maioria para o PS. “Quando dizemos que queremos uma maioria não o fazemos “pela mesquinha vontade de [ter] mais deputados do que os outros”, mas “porque [queremos] que o Governo seja formando por decisão dos portugueses e não pelos jogos políticos na Assembleia da República ou condicionados pelo Presidente da República”, afirmou. Sempre que alguém aludia ao chefe de Estado, a sala agitava-se e escutava-se uma vaia.

Discursando ao longo de 40 minutos, arrasando com as políticas do Governo de maioria PSD/CDS-PP, António Costa declarou que há quem queira "empurrar" o partido para coligações, mas - sublinhou - "o PS não é um partido de aviário feito à última da hora, é um grande partido nacional, com história e que está profundamente enraizado na sociedade portuguesa”.

A questão da “lista VIP” do fisco, que tem feito correr muita tinta, viria a merecer a atenção do secretário-geral socialista. A este propósito, Costa acusou o Governo de nunca assumir a “responsabilidade” em relação a nenhum dos casos que têm ocorrido ao longo da legislatura e usou da ironia para dizer que, “no caso da ‘Lista VIP,’ foi, com certeza, o porteiro que a criou”.

"O primeiro-ministro foi logo o primeiro a ir ao Parlamento dizer que'não existia [a lista VIP]. A ministra das Finanças não disse nada durante várias semanas, porque está a fazer o seu currículo. O secretário de Estado [dos Assuntos Fiscais], pelos vistos, também não tem nada a ver com a história. O director-geral [da Autoridade Tributária] também não, o subdiretor-geral também não. Deve ser o porteiro", atirou Costa, provocando uma sonora gargalhada da plateia.

"O que eu pergunto é se, com tantos casos, com tantas trapalhadas, com tantas confusões, não haverá nada que seja da responsabilidade deste Governo? É tudo culpa dos outros? Não é aceitável esta política de passa-culpas", declarou o dirigente, que veio ao Porto um dia depois de Tiago Barbosa Ribeiro ter sido empossado líder da concelhia do PS-Porto.

"Há uma coisa que temos de dizer olhos nos olhos aos portugueses: a razão de ser do PS não é prosseguirmos nós a política dos outros, não é prosseguirmos nós a política que falhou, a nossa missão é fazer aquilo que os portugueses desejam", disse António Costa.

Aplaudido muitas vezes, o líder socialista voltou a acusar o Governo de ter falhado e de “ter aumentado a dívida pública, empobrecendo o país” .“Retrocedemos no número de empregos e hoje temos menos 400 mil postos de trabalho”. Num tom eleitoralista, Costa disse que “os níveis de emprego em Portugal recuaram ao ano de 1996 e revelou que relativamente ao investimento o quadro é ainda mais negro. “Não há um aumento do investimento, pelo contrário, há uma redução”, sublinhou, frisando que os níveis neste sector recuaram ao ano de 1984”.

“Neste quatro anos assistimos a um retrocesso brutal a nível do desemprego e do investimento e que essa responsabilidade é do Governo, que acha que é empobrecendo colectivamente o país cortando salários e reduzindo a despesa social que o país progride”, disse. “O país só progride pelo lado da qualificação”, realçou.

Antes do secretário-geral, falou o novo líder da concelhia, que disparou contra o Governo, afirmando que o programa do Pedro Passos Coelho ao longo destes quatro anos “provocou milhões de pobres no país”. ”Nunca como agora o combate foi tão necessário”, considerou, afirmando que sempre que o país necessitou de rasgar novos caminhos, olhou para a cidade do Porto. Os participantes no comício aplaudiram, aplausos redobrados quando Tiago Barbosa Ribeiro disse: “Hoje  recebemos o António Costa como o rosto da mudança. Hoje começamos aqui uma maioria de mudança“.

O novo líder da concelhia socialista, que substituiu no cargo Manuel Pizarro, aproveitou o palco para dizer que o PS dispensa as ofertas de ajuda do PSD, numa alusão ao porta-voz dos sociais-democratas, Marco António Costa, que desafiou os militantes do partido a enviarem sugestões para o Largo do Rato para o programa eleitoral socialista. “Não queremos os contributos do ex-vice-presidente da Câmara de Gaia porque ele contribuiu o desastre financeiro da câmara”, afirmou.

O líder da distrital, José Luís Carneiro, empenhou-se em dar um sinal de unidade e referiu que António Costa vai trazer os valores do PS - a liberdade, a fraternidade e a justiça social - à governação do país. “Depositamos uma esperança muito forte no resultado das eleições legislativas”, declarou José Luís Carneiro, que deu conta do trabalho que a estrutura que lidera tem vindo a fazer a nível do encerramento de serviços e dos despedimentos no distrito seja na Segurança Social ou em órgãos de comunicação social.

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