Avó, não vou descobrir o elixir da juventude, mas vais ser a primeira a saber!
O futuro da ciência e o seu percurso está também em comunicá-la, em fortalecer a ligação com as pessoas. Não só para que aumentem os seus conhecimentos de ciência, mas também para que percecpionem a sua importância
"E eu a pensar que ias ser tu a descobrir o elixir da juventude", exclama a avó Lourdes quando lhe tento explicar que por agora deixei as bancadas do laboratório.
Na verdade, como mulher inteligente que é, sabe bem que nunca iria descobrir o tão desejado elixir, mas no fundo o que quer dizer entre as suas sábias entrelinhas é que sabe que existem tantas outras descobertas que a ciência lhe pode trazer. Realmente, este é o primeiro desafio. Explicar-lhe que posso contribuir para essas descobertas de uma outra forma — comunicar, comunicar ciência.
Já sabe que sou bioquímica e até diz orgulhosa no cabeleireiro, quando vai abrilhantar os seus brancos de experiência, que a neta pode descobrir “coisas importantes para as pessoas no laboratório”. Sabe tão bem que sempre que no noticiário aparecem os cientistas de bata branca, ou sempre que o Goucha ou a Cristina evocam a ciência para o programa da manhã, são na certa temas da conversa matinal de sábado para lhe explicar tudo o que ouviu.
São essas mesmas explicações e todos os porquês que me coloca que provam o quanto faz sentido continuar cada vez mais a comunicar ciência para todos, dos mais novos aos mais velhos.
Porquê? Vivemos numa sociedade dependente de ciência e tecnologia, desde o telemóvel que usamos todos os dias aos medicamentos que tomamos ou mesmo aos alimentos que ingerimos. Mas o progresso de uma sociedade está em torná-la cada vez mais informada.
O futuro da ciência e o seu percurso está também em comunicá-la, em fortalecer a ligação com as pessoas. Não só para que aumentem os seus conhecimentos de ciência, mas também para que percecpionem a sua importância, algo fulcral, por exemplo, para compreender as políticas de financiamento.
Expliquei à avó Lourdes que agora, quando for ao cabeleireiro, pode dizer que a neta vai divulgar quando descobrirem coisas importantes para as pessoas no laboratório. E entre uma e outra bolacha caseira, a promessa ficou feita: “Não vou descobrir, mas prometo que vais ser a primeira a saber!”