Angelina Jolie retira ovários para prevenir cancro

Tal como a actriz norte-americana, há mulheres portuguesas com mutações genéticas hereditárias que decidiram remover as mamas e os ovários.

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AFP

Num relato no jornal norte-americano New York Times, a actriz de 39 anos lembrou que a sua mãe, de quem herdou as mutações genéticas no BRCA1, morreu aos 56 anos de cancro da mama. Mutações no BRCA1 também aumentam em 87%  o risco de cancro da mama, o que já tinha levado a actriz a fazer uma dupla mastectomia em 2013, para reduzir essa probabilidade para menos de 5%. “É uma cirurgia menos complexa [do que a dupla mastectomia], mas os efeitos são mais graves. Força a mulher a entrar na menopausa”, escreveu agora sobre a remoção dos ovários.

Em Portugal, as mutações hereditárias do BRCA1 – tal como do gene BRCA2 – têm levado várias mulheres a decidirem-se por estas cirurgias profilácticas da mama e dos ovários. Manuel Teixeira, director do Serviço de Genética do IPO do Porto, informa que só ali estão identificadas 150 famílias com mutações nos dois genes.

Até Maio de 2014, 34 mulheres com as mutações tinham retirado os ovários para reduzir o risco de cancro, diz ainda Manuel Teixeira. Já a dupla mastectomia foi feita por dez mulheres. E, tal como Angelina Jolie, houve outras 20 que fizeram as duas cirurgias no IPO do Porto.

“Se uma mulher tiver a mutação num destes genes, deve fazer a cirurgia”, considera o médico a propósito da remoção dos ovários. “Não há uma redução completa do risco, mas quase.”

Há mesmo uma “recomendação formal” das instituições oncológicas para a extracção dos ovários em caso de mutações nos genes BRCA: “Não há alternativa, porque é muito difícil diagnosticar antecipadamente [este cancro]”, explica. “É uma situação médica absolutamente necessária.”

Mas só a partir dos 35 anos: “O risco de cancro dos ovários é muito raro até aos 40 anos, mesmo o hereditário. A média é por volta dos 50, portanto não é um grande risco esperar até aos 35 e ter os filhos que se entender.”

Já a cirurgia mamária profiláctica, “mais radical” do que a dos ovários por afectar a aparência física, não tem uma idade mínima: “Diria que é indicada a partir dos 25 anos, embora não seja uma indicação oficial.”
 

  

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