Portugal reata cooperação económica com a Tunísia

Para Maio está marcada para Lisboa uma reunião de alto nível presidida pelos primeiros-ministros dos dois países.

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Paulo Portas com Presidente da República tunisino DR

Paulo Portas foi acompanhado por uma comitiva de 19 empresas e manifestou às autoridades da Tunísia a amizade, solidariedade e confiança após o atentado da quarta-feira passada, que vitimou 21 pessoas no Museu do Bardo da capital tunisina, numa acção reivindicada pelo autoproclamado Estado Islâmico (EI).

“Acabei por ser o segundo dirigente político europeu, o primeiro foi o ministro do Interior de França, Bernard Cazeneuve no passado fim-de-semana, a visitar a Tunísia após os atentados, o que foi muito apreciado”, disse, ao PÚBLICO, Paulo Portas. A visita, cujo planeamento decorreu desde Novembro de 2014, foi mantida. “Nenhuma das empresas previstas na comitiva alterou a sua decisão”, congratulou-se o vice-presidente do executivo.

“O terrorismo é inaceitável, não há justificação para aqueles que matam inocentes, enquanto europeus, enquanto portugueses sentimo-nos muito próximos da Tunísia”. Foi este o teor da declaração de Portas transmitida ao Presidente da República da Tunísia, o veterano político Beji Caid Essebsi, de 88 anos. “A Tunísia conseguiu uma transição para a democracia, tem uma nova Constituição, um novo Presidente da República, um novo Governo, uma nova coligação e uma nova retoma da economia”, afirmou o dirigente português.

O reatamento da cooperação comercial com Tunes saldou-se na marcação de uma reunião de alto nível, presidida pelos primeiros-ministros dos dois países, para Maio, em Lisboa. Uma oportunidade para aquilatar as áreas de cooperação, pois as novas autoridades tunisinas vão apresentar vem breve planos de desenvolvimento para os próximos cinco anos.

Na comitiva empresarial que acompanhou Paulo Portas estavam representados os sectores de construção civil, engenharia, agro-alimentar, tecnologias de Saúde e Informação, cimentos, financeiro e comércio. As exportações portuguesas sofreram com a indefinição política na sequência das denominadas Primaveras Árabes de 2011. Assim, no ano passado, Portugal apenas vendeu para a Tunísia bens e serviços no valor de 120 milhões de euros, e as exportações daquele país magrebino no mercado português foram de uns irrisórios 13 milhões de euros em 2014. Mas é na Tunísia que o grupo Amorim compra cortiça para a exportação e a SONAE detém uma parceria com um sócio local para a gestão de superfícies comerciais.

Em Tunes, a delegação de Portugal detectou alguma tensão após os atentados do EI da passada quarta-feira, embora o seu efeito no turismo do país tenha sido menor do que o esperado. Alguns cruzeiros ocidentais foram cancelados, mas ainda não foram registados cancelamentos importantes nos programas das agências de viagens.

Com fronteira com a Líbia, as autoridades tunisinas afirmam ter no seu país dois milhões de refugiados líbios dos 6,2 milhões habitantes daquele país apurados no censo de 2008.  

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