Putin e milhares de russos celebram aniversário da anexação da Crimeia
Presidente foi aclamado por uma multidão em Moscovo e prometeu “ultrapassar todos os problemas”.
Ao som de hinos patrióticos, várias dezenas de milhares de moscovitas (110 mil segundo a polícia) juntaram-se no coração da capital russa, com bandeiras nacionais e muitos cartazes com a mesma frase: “Juntos, somos invencíveis”.
Vladimir Putin, que antes se encontrou com os dirigentes da Crimeia fiéis a Moscovo para discutir o desenvolvimento económico da região, subiu ao palco para ser aclamado pela multidão. Ao povo prometeu que a Rússia vai “ultrapassar todos os problemas”. Os que “nós criámos” e “os que nos impuseram do exterior”.
O Presidente russo, que reconheceu que as sanções ocidentais tinham causado prejuízos à economia russa, garantiu que esses prejuízos não eram “fatais” para o país.
Estas celebrações foram o ponto culminante de três dias de festa iniciados na segunda-feira com a comemoração do referendo de 16 de Março de 2014. Dois dias depois, desafiando as primeiras sanções impostas pelos países ocidentais, que consideraram o referendo ilegal, o Presidente russo assinou o decreto sobre a integração da Crimeia na Rússia.
A anexação da Crimeia foi aplaudida na Rússia, onde muitos consideram um erro histórico a sua anexação à Ucrânia em 1954, e permitiu a Putin alcançar taxas de popularidade recorde, próximas dos 90% segundo as sondagens mais recentes.
Mas para a Amnistia Internacional, que publicou um relatório nesta quarta-feira sobre a Crimeia, as autoridades locais fiéis a Moscovo têm levado a cabo ao longo do ano que passou “uma campanha ininterrupta de intimidações para calar as vozes dissidentes”.
John Dalhuisen, director daquela ONG para a Europa e Ásia Central, fala em “vagas de raptos entre Março e Setembro” do ano passado e refere que os que ainda vivem em liberdade “sofrem permanentemente intimidações das autoridades”.
O referendo que abriu caminho à anexação da Crimeia pela Rússia deu também o tiro de partida para um ano de confrontações diplomáticas entre o Ocidente e a Rússia, sem precedentes depois da Guerra Fria. E alimentou as aspirações separatistas do Leste da Ucrânia, onde rebentou em Abril de 2014 um conflito armado que já fez mais de seis mil mortos.
Na Crimeia, um ano depois, Vladimir Putin ainda é um herói, mas a deterioração da situação económica da península está já a alimentar algum ressentimento contra as novas autoridades locais.