Em plena campanha eleitoral, Jardim diz que o futuro da Madeira “está ameaçado”

Líder regional cessante escreve último artigo no Jornal da Madeira em tom crítico, mas nas ruas a campanha ignora-o.

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A Coligação Mudança (PS/PTP/PAN/MPT) DR

A verdade é que, na prática, foi uma arma ao serviço do culto da personalidade e da propaganda do PSD durante quase quatro décadas, ou seja, 13.514 dias, de acordo com as contas do calendário feitas por Jardim.

Na hora do adeus, o senhor da Madeira não alterou em nada o estilo. Apresentado o balanço da transformação da região, com uma média de “2,7 coisas novas por dia”, não esqueceu as suas lutas “contra o passado colonialista”, a “Madeira Velha” e o “cambão maçónico”, as “sociedades secretas”, “o monopólio da informação”.

O lider madeirense em fim de festa concluiu que, afinal, são sempre os mesmos que continuam a celebrar “descaradamente o deus dinheiro” como arregimentaram a “parte da nova geração que se rendeu a esse culto”. Portanto, “o futuro do povo madeirense está assim efectivamente ameaçado”.

Um artigo que cai em plena campanha para eleições de 29 de Março. Enquanto Miguel Albuquerque, líder e candidato do PSD/M contra sua vontade, faz tudo por tudo para conquistar a maioria absoluta, Jardim garante que a sua ausência na escrita se deve ao período político em curso, mas “sem medo das ameaças revanchistas do regime e sem desistir de intervir na vida pública”.

O próprio Jornal da Madeira inclui ainda no cartoon do dia um diálogo entre dois bonecos em que um diz ao outro: “As sondagens dão dificuldades para o PSD e CDS nas eleições regionais....”. Resposta: “Não sei porque isso te surpreende?”.

Reacções ao artigo de Jardim? Nada de nada. Passou ao largo dos partidos. Como se não tivesse existido. E a caravana segue. Mais um dia com os partidos a sairem à rua e a apostarem nos contactos directos com a população.

O cabeça-de-lista do Movimento Alternativa Socialista (MAS), José Carlos Jardim, resolveu dar um passeio até à Quinta Vigia, presidência do governo, garantindo que a partir de 29 de Março “vai acabar com a brincadeira”. “Não vamos tolerar as coisas como estão”, disse este outro Jardim, enquanto o número 7 da lista, o real candidato a presidente do governo, Luis Ferreira, um vendedor ambulante conhecido por “Meias”, mandou entregar um ramo de flores a Alberto João como reconhecimento pelo “bom trabalho” realizado.

Enquanto a paródia assentava arraiais à porta de Jardim, na Câmara Municipal do Funchal (CMF) os candidatos da coligação Mudança (PS/PTP/PAN/MPT) eram recebidos por Paulo Cafôfo, eleito por uma coligação equivalente e com o mesmo nome nas últimas eleições autárquicas. Recorde-se que CMF, antes de Cafôfo, era presidida por Miguel Albuquerque, actual líder do PSD-M.

“A vereação anterior”, disse Victor Freitas (PS), “deixou quase 100 milhões de euros de dívida, durante os últimos anos sofreu quatro programas de resgate e isso demonstra a má governação daqueles que estiveram cá antes. O nosso adversário que se apresenta, hoje, às eleições não foi diferente, na Câmara do Funchal, do Governo Regional que colocou a Madeira nesta grave situação”, acusa. Por isso, “em matéria de credibilidade estamos conversados”, disse o cabeça de lista da coligação.

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