Tão bem coreografado que até a pessoa com quem apareceu, o Presidente da Quirguízia, Almazbek Atambaiev, comentou a sua excelente condição física. “Vladimir Vladimirovich [Putin] andou de carro comigo à volta do palácio e ele mesmo estava ao volante para acabar com os rumores. Ele não só anda bem como conduz os convidados", disse Atambaiev, que foi recebido no Palácio Constantine em São Petersburgo.

Ao ouvir estas palavras, o Presidente russo sorriu, e foi então que disse: "A vida seria chata sem rumores."

Vladimir Putin não era visto em público desde 5 de Março e cancelou toda a sua agenda posterior, de que fazia parte uma visita ao Cazaquistão. Surgiram então os rumores de que estaria doente. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, negou, disse que o líder estava bem de saúde, mas admitiu que tinha lesionado as costas a praticar um desporto radical, asa delta com motor. No entanto, adiantou que o Presidente ainda estava suficientemente forte para "partir mãos" com um simples cumprimento.

O Kremlin fez saber que o Presidente nunca parou de trabalhar, mas ao manter o secretismo sobre o que de facto se passava, alimentou os rumores, sobretudo na Internet — um deles dizia que Putin estava algures na Europa com a namorada e com um filho recém-nascido, outro que morrera.

Se esteve gravemente doente, com gripe ou apenas levemente lesionado não se sabe, mas alguma coisa se passou com Vladimir Putin. E os rumores não ganhariam tanta dimensão se o Kremlin não estivesse inibido de dar informações sobre o estado de saúde do Presidente, que em 15 anos de poder construiu uma imagem de líder vigoroso, sempre em forma e muito hábil nos desportos. Na Internet, multiplicaram-se os memes sobre o desaparecimento de Putin e foi criada a hashtag #putinestámorto.

Por tudo isto, dizem com ironia os comentadores da política russa, o encontro com o Presidente Atambaiev desta segunda-feira tornou-se o acontecimento mais importantes da política russa — com a morte do opositor Boris Nemtsov ou a notícia de que o tchetcheno suspeito do crime confessou sob tortura a serem secundarizadas nas páginas do jornais e nos noticiários televisivos. Centenas de jornalistas estavam de olhos  postos em São Petersburgo à espera que Putin aparecesse ou que se confirmasse a gravidade da sua "doença".